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Êxodo estrangeiro do mercado local leva Tesouro ao exterior

Governo pretende aumentar as emissões de dívida externa em reais

Arno Augustin, secretário do Tesouro: programa externo vai auxiliar política cambial (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 10h42.

Brasília/Nova York - O governo pretende aumentar a emissão de dívida externa em reais após a debandada estrangeira do mercado local. A elevação de imposto para aplicações em títulos domésticos levou os estrangeiros a tirar recursos do País por três meses seguidos, a sequência mais longa desde 2006.

Os investidores internacionais retiraram US$ 615 milhões do mercado local de títulos nos primeiros 25 dias de janeiro, após sacarem US$ 206 milhões em dezembro e US$ 8 milhões em novembro, de acordo com dados do Banco Central. No México, investidores estrangeiros elevaram a quantia aplicada em bônus denominados em pesos para 642,5 bilhões de pesos (US$ 53 bilhões) em 14 de janeiro, contra 591,9 bilhões de pesos um mês antes, segundo a autoridade monetária.

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A menor demanda estrangeira contribui para uma queda nos títulos domésticos brasileiro. Com isso, o rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2015 subiu 93 pontos-base, ou 0,93 ponto percentual, desde o fim de outubro. A diferença entre o rendimento desses títulos com o de papéis semelhantes denominados em reais e negociados no exterior subiu de 328 pontos-base no dia 29 de outubro para 434 pontos-base agora. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse na semana passada que o Brasil vai vender títulos em reais no exterior este ano, depois da emissão de outubro, a primeira em três anos.

“É esta a ideia: se não der para atrair estrangeiros para seu próprio mercado, com sorte dará para atrair estrangeiros com a emissão de títulos globais em reais”, Siobhan Morden, estrategista-chefe para América Latina da RBS Securities Inc., disse numa entrevista por telefone de Stamford, no Estado americano do Connecticut. “Eles vão reabrir o mercado porque precisam de financiamento de longo prazo e porque é mais barato”.


Avanço do real

As NTN-Fs com vencimento em 2015 fecharam ontem com um rendimento de 12,77 por cento, o nível mais alto desde quando foram emitidas, em setembro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os bônus brasileiros denominados em reais negociados no exterior com vencimento em 2016 tinham rendimento de 8,42 por cento, 14 pontos-base a menos do que no fim de outubro.

Numa tentativa de conter a valorização do real, o governo subiu a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras de 2 por cento para 6 por cento em outubro, obrigou as instituições financeiras recolherem depósito compulsório para posições vendidas em dólar no mês passado e autorizou o Fundo Soberano a comprar dólares no mercado futuro este mês. O avanço de 39 por cento do real nos últimos dois anos, a maior alta entre as moedas de países emergentes depois do rand da África do Sul, reduziu os ganhos de exportadores e ajudou o País a encerrar 2010 com um déficit em conta corrente recorde de US$ 47,5 bilhões.

‘Política cambial’

O governo pode emitir no exterior títulos em reais já existentes ou dívida nova com vencimentos em 10 ou 30 anos, Augustin disse numa entrevista em Brasília em 21 de janeiro. A emissão externa pode ajudar a conter a apreciação do real, segundo Augustin.

“O objetivo qualitativo relevante no nosso plano de 2011 é que o nosso programa externo auxilie nossa política cambial”, disse Augustin. “Estaremos voltados para dar liquidez aos títulos em reais”, disse ele. “Temos estratégia de aumentar a liquidez, tanto em reais quanto em dólar, mas principalmente em reais”.

Augustin disse que o IOF reduziu o total de títulos domésticos em poder dos estrangeiros. Em novembro, eles detinham 10,03 por cento dos bônus locais, contra 10,19 por cento em outubro, de acordo com o Tesouro.

O Ministério da Fazenda não quis comentar o assunto, segundo um comunicado enviado por e-mail.

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