Mercados

EUA não conseguem passar pacote de estímulo e bolsas asiáticas despencam

Na abertura do mercado, os contratos futuros do índice americano S&P 500 tiveram circuit breaker após queda de mais de 5%

Bolsa de Xangai: ações da China Evergrande despencam com temor de calote (Aly Song/Reuters)

Bolsa de Xangai: ações da China Evergrande despencam com temor de calote (Aly Song/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de março de 2020 às 06h44.

Última atualização em 23 de março de 2020 às 08h13.

A madrugada desta segunda-feira, 23, começou com más notícias para os mercados globais. O Congresso dos Estados Unidos não conseguiu chegar a um acordo quanto ao pacote emergencial de 2 trilhões de dólares planejado pelo governo do país para reduzir os impactos do coronavírus.

Após horas de discussões no domingo, o Senado viu embates entre republicanos e democratas quanto à dimensão do estímulo. Os democratas afirmaram que era excessivamente generoso aos grandes negócios e que não havia fundos suficientes para hospitais.

Em resposta ao panorama nos EUA e ao crescente aumento no número de casos de coronavírus no mundo, as bolsas asiáticas amanheceram em queda. Os índices chineses de Shenzhen e Xangai caíram 4,52% e 3,11%, respectivamente. As principais ações em Hong Kong caíram 4,86%. O principal índice da Austrália caiu 5,62%.

Já o europeu Stoxx 600 caía mais de 4% às 7h, em suas primeiras horas de pregão, mesmo patamar de queda que o índice de Londres.

O único na contramão das baixas nesta manhã foi o japonês Nikkei, que subiu 2,02% em meio a declarações do premiê do Japão, Shinzo Abe, afirmando que o governo do país oferecerá um “gigantesco” pacote de estímulo por volta de 137 bilhões de dólares.

O banco central japonês também já havia anunciado mais crédito barato nas últimas semanas e afirmou que é possível novos estímulos em abril caso a crise não melhore.

O mundo registra na manhã desta segunda-feira mais de 341.000 casos de coronavírus. Na tarde deste domingo, eram cerca de 330.000, o que mostra mais de 10.000 novos casos em poucas horas.

A China está há dias com menos de 81.500 casos. A Itália, o país mais afetado fora de território chinês, chegou a mais de 59.000 casos no domingo, ante pouco mais de 47.000 na última sexta-feira, 20.

Algumas das principais petroleiras do mundo também divulgaram nesta segunda-feira estimativas menores para a operação em 2020. A holandesa Shell suspendeu programa de recompra de ações e cortou gastos em 5 bilhões de dólares, enquanto a norueguesa Aker BP cortou investimentos em 20%. Os preços do petróleo começaram o pregão em queda, mas operavam perto da estabilidade às 7h, entre queda e alta de menos de 0,30%.

Neste cenário, as negociações futuras do americano S&P 500 também caíam mais de 3% às 7h. Na noite de domingo, após a abertura do mercado, os papéis tiveram circuit breaker, uma paralisação das negociações após quedas muito acentuadas.

Na semana passada, o principal índice americano caiu quase 15%. O brasileiro Ibovespa, que caiu 18,9% na semana passada e sofreu seis circuit breakers, pode começar a semana impactado pelas quedas no exterior.

Analistas começam a afirmar que há para o coronavírus uma resposta global menos programada e de escalada do que houve para a crise financeira de 2008, com as ações ficando restritas a leituras individuais dos governos locais. Enquanto isso, o pacote financeiro nos Estados Unidos deve continuar sendo discutido ao longo das próximas horas -- o presidente Donald Trump disse estar otimista com um acordo. Uma nova conversa entre democratas e republicanos está marcada para o meio-dia (13h pelo horário de Brasília).

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresCoronavírusEstados Unidos (EUA)Exame Hoje

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol