Painel de cotações da bolsa brasileira: apesar de desistências, cresce o número de companhias que abrem o capital (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2021 às 19h48.
Última atualização em 14 de maio de 2021 às 21h06.
Na quinta-feira, 13 de maio, a GetNinjas (NINJ3), plataforma de serviços para casa, e a G2D (G2DI), subsidiária da GP Investimentos, concretizaram seus processos de IPO (oferta pública de ações, na sigla em inglês). Nos dois casos, foram necessários ajustes para driblar o interesse limitado dos investidores, pouco interesse ao menos no preço pedido.
Mesmo com o aporte de fundos e empresas renomadas, como a Ant Financial e o SoftBank, a Dotz, empresa que opera uma plataforma de produtos e serviços com programa de fidelidade, decidiu suspender o IPO e optou por uma oferta restrita para levar adiante os planos de listagem na bolsa.
Os casos não são isolados. Desde o início do ano, empresas vêm sendo obrigadas a dar descontos nos preços ou a suspender suas operações planejadas. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que fiscaliza o mercado financeiro, já são 32 desistências desse tipo de oferta no ano, número bem acima das 20 registradas em 2020.
Nesta semana, o grupo varejista de vestuário Avenida, e o Grupo Big, que foi comprado pelo Carrefour (CRFB3), cancelaram suas ofertas.
A GetNinjas vendeu suas ações a 20 reais, desconto de 20% em relação ao piso da faixa indicativa de preços. A G2D, no início da semana, reduziu em 74% o tamanho da oferta inicialmente divulgada. O processo será feito via BDRs.
A Dotz planeja retomar a operação em um novo formato, por meio de uma oferta restrita com os mesmos quatro grandes investidores que se comprometeram a ancorar a operação, segundo apurou a EXAME Invest.
A abertura de capital é um dos caminhos para as empresas se capitalizarem e conseguirem financiar planos de expansão.
Para o gerente de Research da Ativa Investimentos, Pedro Serra, as desistências nesse tipo de operação são naturais, pois as empresas tentam maximizar ao máximo os preços das ações.
Além disso, as condições adversas no mercado, com investidores menos dispostos a tomar risco diante das incertezas de mercado, pesam contra as ofertas de empresas que na maioria dos casos ainda não possuem um histórico consistente de entrega de resultados.
Serra destaca que os ruídos econômicos e políticos presentes no país podem dificultar a vida de quem tenta fazer o IPO, além do fato de a bolsa estar “barata”. Isso porque a precificação de um novo papel é feita por meio de uma medida relativa que leva em conta também os preços de seus pares setoriais -- quando eles existem, é claro.
Se uma empresa varejista, por exemplo, quer abrir o capital na bolsa, parte da precificação terá como referência os preços de ações de outras companhias do setor que já estão listadas na B3.
Mas, mesmo com a volatilidade do mercado de capitais, ele ainda vê um bom ano para a abertura de capital na bolsa.
"Acertar o melhor momento de entrada faz parte da estratégia das empresas para maximizar o retorno. É o desafio deles."
(Com Agência O Globo)