Lula tem dito a interlocutores que uma volta do PT ao poder representaria a valorização do Mercosul e o fortalecimento do bloco (Alexandre Schneider/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 15 de outubro de 2021 às 10h09.
O ex-presidente Lula já se prepara para conversar com o mercado financeiro sobre as eleições de 2022. A mensagem vai na mesma linha paz e amor de 2002, embora o PT tenha nos planos um discurso que pode preocupar investidores e que inclui, por exemplo, uma revisão do teto de gastos e uma reforma do setor bancário.
O entorno do ex-presidente acredita que ele conseguirá construir pontes com o mercado passando a mensagem de que o candidato petista será alguém equilibrado, que faça contraponto a Jair Bolsonaro. Não haveria necessidade de uma nova carta ao povo brasileiro porque o legado de Lula já seria a credibilidade e a previsibilidade que ele demonstrou no passado.
Na contramão do que prega a equipe econômica de Bolsonaro, Lula tem dito a interlocutores que uma volta do PT ao poder representaria a valorização do Mercosul e o fortalecimento do bloco para fechar acordos comerciais.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, por outro lado, defende que o Brasil tenha liberdade de fechar acordos individualmente e possa reduzir unilateralmente alíquotas de importação que hoje precisam ser negociadas com os demais membros do Mercosul. Lula também prega uma aproximação maior com países africanos e uma postura mais altiva com países desenvolvidos.
Bolsonaro tem dito a interlocutores que gostaria de aumentar o auxílio emergencial para R$ 400 e prorrogar o benefício até março de 2023. O governo ainda não tem como colocar de pé o novo programa social que vai substituir o Bolsa Família. Mas para qualquer que seja a solução, a ideia da equipe econômica é que o valor fique, no máximo, em R$ 300 e dentro do teto de gastos.
O governo está recorrendo ao TCU para tentar aprovar o projeto de privatização dos Correios no Senado. Sem votos suficientes para passar a proposta, o ministro das Comunicações, Fabio Faria, pediu ajuda aos ministros da corte de contas Bruno Dantas e Vital do Rêgo, que têm bom trânsito na casa, para virar votos em favor da aprovação.
Apesar da irritação com o senador Davi Alcolumbre por travar na CCJ a indicação de André Mendonça ao STF, o governo está cauteloso em relação à ideia de pressionar para que o nome do ex-AGU seja levado direto ao plenário do Senado. O temor é que a insegurança jurídica possa levar a uma eventual tentativa de derrubar Mendonça já no cargo por não ter passado por todos os trâmites previstos para escolha de ministro da suprema corte.