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Economista que previu a crise de 2008 alerta para bolha e risco de correção no mercado de ações

S&P 500 já subiu 23% neste ano, mas David Rosenberg afirma que o mercado está sobrevalorizado e próximo de uma correção significativa

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 19 de outubro de 2024 às 08h30.

Última atualização em 19 de outubro de 2024 às 09h07.

O economista David Rosenberg, fundador da Rosenberg Research, emitiu um alerta para investidores, sugerindo cautela diante da alta do índice S&P 500, que já subiu 23% neste ano . Rosenberg, que ganhou notoriedade por prever a recessão de 2008, afirmou em notas recentes que o mercado de ações atual é movido por momentum, ou seja, por uma tendência de alta impulsionada pela demanda, mas sem sustentação em fundamentos econômicos sólidos.

Em nota publicada no dia 9 de outubro, Rosenberg classificou o cenário como "a mãe de todos os mercados de ações movidos por momentum", alertando que o estouro dessa bolha será "espetacular". Para ele, este não é o momento para seguir a mentalidade de manada — quando investidores agem em grupo, sem avaliar os riscos.

O economista baseia suas preocupações em três indicadores que estão muito acima da média histórica: o posicionamento dos investidores em ações, as altas valorizações do mercado e o otimismo exagerado no sentimento dos investidores. Esses fatores, segundo Rosenberg, indicam um mercado sobreaquecido e próximo de uma correção.

S&P 500 está 25% acima de seu valor justo, diz Rosenberg

Um dos indicadores que sustenta a visão de Rosenberg é a participação de ações na composição dos ativos das famílias, que atualmente supera 40%, um nível visto apenas durante a bolha das dot-com, empresas de tecnologia, no início dos anos 2000. Para ele, o mercado está pelo menos 25% acima do valor sugerido pelos fundamentos . Ele explica que, se a alta fosse justificada por um crescimento real nos lucros das empresas, o índice estaria em torno de 4.600 pontos, e não nos atuais 5.751.

Outro fator citado por analistas são os índices de valoração, como o Shiller CAPE, que ajusta a relação entre preço e lucro das ações ao ciclo econômico, e o Wilshire 5000-to-GDP, que compara o valor de todas as ações negociadas com o Produto Interno Bruto. Esses indicadores mostram uma clara sobrevalorização do mercado.

Previsão de recessão ainda é uma possibilidade real

Mesmo com a alta do mercado, Rosenberg permanece pessimista em relação à economia. Ele apontou que, apesar de o relatório de empregos de setembro ter superado as expectativas, esse foi um caso isolado em uma tendência geral de enfraquecimento. O economista acredita que os sinais de desaceleração, como o aumento da taxa de desemprego e a queda no número de vagas e contratações, ainda são fortes indicadores de que uma recessão está à frente.

O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, reagiu a essa desaceleração cortando as taxas de juros em 50 pontos-base em setembro, mas permanece a dúvida se a economia está iniciando um novo ciclo de crescimento ou se entrará em recessão devido às taxas elevadas de juros.

"Não é hora de ser ganancioso", diz Rosenberg, citando J.P. Morgan

Rosenberg reforçou a importância de preservar o capital diante de um mercado tão volátil. Citando uma frase atribuída a J.P. Morgan, magnata bancário do início do século 20, ele afirmou que o segredo do sucesso está em capturar ganhos durante a fase intermediária de um ciclo de alta, e não tentar comprar na baixa e vender na alta. "Já passamos desse ponto", concluiu ele.

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