NYSE: bolsas de Nova York registram recordes (Michael Nagle/Bloomberg via/Getty Images)
Repórter
Publicado em 19 de junho de 2024 às 06h10.
Última atualização em 19 de junho de 2024 às 10h13.
O S&P 500, principal índice de ações dos Estados Unidos, voltou a atingir máxima histórica nesta terça-feira, 18, alcançando 5.490 pontos e acumulando uma alta de 15% no ano. O bom momento das bolsas americanas tem levado grandes bancos a revisarem para cima suas projeções para o S&P. Entre os bancos mais otimistas com a bolsa americana está o Goldman Sachs, que revisou a pontuação alvo para o S&P de 5.200 para 5.600 pontos. O motivo, afirmou o banco, foi a melhora na perspectiva de lucros para este ano e o entusiasmo dos investidores com a inteligência artificial.
O índice Nasdaq, que tem uma maior presença de empresas de tecnologia, já subiu quase 20% no ano. O movimento foi impulsionado especialmente pelas ações da Nvidia, que dispararam cerca de 180% no ano, tornando-se a maior empresa do mundo em valor de mercado. Outras gigantes do mercado americano também vêm se beneficiando das teses de inteligência artificial, como a Microsoft, dona da OpenAI, e a Apple, cujas ações dispararam nas últimas semanas após anunciar a integração do ChatGPT em seus dispositivos.
Assim como nas contas do Goldman Sachs, a inteligência artificial pesou na revisão do Citi, que também passou a projetar o S&P 500 em 5.600 pontos ante a previsão anterior de 5.100. A nova projeção considera especialmente o peso das grandes empresas de tecnologia no índice. Embora formado por 500 empresas, somente Apple, Nvidia e Microsoft representam 21,1% do índice. Dos cerca de 15% de alta que o índice acumula no ano, o Citi contabiliza que só a Nvidia impulsionou o S&P em 4%, as sete magníficas (ex-Nvidia) contribuíram em 5%, e os outros 5% couberam às 493 empresas restantes. Os analistas do banco pontuam que, além de serem as maiores responsáveis pela alta do S&P no ano, ainda há uma melhor perspectiva de analistas revisarem o lucro dessas empresas para cima.
O S&P 500 e o Nasdaq, no entanto, contrastam com o desempenho de outros índices de Wall Street. O Dow Jones, que é um dos índices mais antigos e busca uma abrangência mais geral da economia, subiu apenas 3% no ano. O Russell 2000, formado por empresas menores (como small caps), subiu menos de 1%.
Pesa sobre a performance mais fraca os juros elevados nos Estados Unidos. A taxa, hoje entre 5,25% e 5,5%, é a mais alta do século. Esperava-se, no início do ano, que as taxas já estivessem em queda a essa altura, mas dados fortes de inflação e do mercado de trabalho americano têm feito o Federal Reserve (Fed) manter o juro alto por mais tempo. Em seu último relatório de projeções, inclusive, diretores do Fed revisaram para cima a perspectiva de juros de longo prazo. Por outro lado, os números mais recentes vêm demonstrando alguma desaceleração nos Estados Unidos, gerando algum otimismo de que o Fed corte o juro pelo menos duas vezes neste ano.
Pesquisa realizada pelo Bank of America com gestores globais revelou que o mercado nunca esteve tão otimista desde novembro de 2021, quando as bolsas batiam recordes no mundo inteiro diante de juros excepcionalmente baixos. A medição, pontua a pesquisa, é feita com base nos níveis de alocação em caixa, ações e expectativas econômicas. De acordo com o BofA, os gestores estão ainda mais otimistas com o mercado europeu, que vinha registrando performances mais baixas nos últimos anos, diante de taxas de inflação e juros historicamente elevadas. Com a inflação mais próxima da meta, o Banco Central Europeu deu início ao ciclo de cortes de juros no início do mês, o que ajudou a impulsionar as bolsas do continente. Na Europa, a alta das bolsas da Espanha, Itália e Alemanha está próxima de 10%, enquanto a de Amsterdã já subiu cerca de 17%.
Apesar do momento favorável para as ações no exterior, o Ibovespa tem apresentado o pior desempenho entre as principais bolsas do mundo, com queda próxima de 11% no ano. Afetam o cenário local a expectativa de que o ciclo de queda de juros se encerrará antes do que o inicialmente esperado, a piora das perspectivas fiscais e incertezas relacionadas ao futuro do Banco Central. Enquanto, nos Estados Unidos, bancos revisam o S&P 500 para cima, no Brasil, o cenário é o oposto. Segundo pesquisa do BofA, ninguém mais espera que o Ibovespa, hoje próximo de 120.000 pontos, termine o ano acima de 150.000 pontos. Já o percentual de gestores que acreditavam em Ibovespa entre 140.000 e 150.000 caiu de perto de 17% para 7% em junho. Também caiu o percentual de investidores que esperam pelo Ibovespa entre 130.000 e 140.000 pontos, de aproximadamente 40% para perto de 25%.