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Dólar tem maior queda desde 15 de junho e recua para R$ 3,80

A moeda norte-americana segue em baixa após o feriado em São Paulo, mantendo a tendência de queda registrada na última sexta-feira

Dólar: Banco Central segue sem efetuar leilões extraordinários de swaps cambiais (IcemanJ/Thinkstock)

Dólar: Banco Central segue sem efetuar leilões extraordinários de swaps cambiais (IcemanJ/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2018 às 17h50.

Última atualização em 10 de julho de 2018 às 19h04.

São Paulo -  O dólar fechou a terça-feira (10) na menor cotação em quase 15 dias, mesmo sem intervenção do Banco Central, que não faz atuações extraordinárias no câmbio com swap (venda da moeda no mercado futuro) desde 22 de junho. A entrada de recursos estrangeiros no Brasil, a queda do dólar ante emergentes hoje e um movimento de venda da moeda no mercado doméstico por exportadores e tesourarias de bancos estão entre os principais fatores que explicam a queda de 1,71% na sessão de hoje, a maior desde o dia 15 de junho, levando o dólar à vista a R$ 3,8029, o menor valor desde dia 26. Com a retração, o real teve o segundo melhor desempenho ante o dólar nesta terça-feira, considerando as principais moedas mundiais, perdendo apenas para o peso argentino (-2,05%).

O dólar chegou a subir pela manhã e na máxima bateu em R$ 3,8869, mas em seguida começou a cair. No começo da tarde, a moeda acentuou o ritmo de perdas e caiu abaixo de R$ 3,80, batendo na mínima de R$ 3,7939. O BC seguiu fazendo apenas as rolagens dos contratos de swap que vencem em 1º de agosto, que ao todo somam US$ 14 bilhões. O último leilão de swap novo foi dia 22 de junho, quando ofertou US$ 1 bilhão. O último leilão de linha (venda de dólar à vista com compromisso de recompra) foi dia 27, quando a instituição liberou US$ 2,4 bilhões.

Para o economista-chefe da Mapfre Investimentos, Luís Afonso Lima, a estratégia do BC no câmbio está correta, pois pouco adianta ofertar novos swaps para conter a alta do dólar em momentos de valorização da moeda dos EUA no exterior. O BC conseguiu conter a volatilidade, ressalta ele, mas a tendência é que as oscilações persistam no câmbio, por conta de um cenário externo mais desafiador tanto nos EUA quanto na Europa. De Washington podem vir novas medidas protecionistas, enquanto que do outro lado do Atlântico a questão política preocupa em países como Alemanha e Itália, e podem respingar no mercado financeiro mundial, aumentando a aversão ao risco dos investidores.

O economista da Mapfre elevou a previsão para o dólar no final do ano de R$ 3,60 para R$ 3,70 e também deve revisar para baixo a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB). A projeção anterior da Mapfre era de expansão de 2,5% do PIB em 2018, mas Afonso projeta que o avanço pode ficar em apenas 1%. Após os dados de maio ficarem muito ruins por conta da greve dos caminhoneiros, esperava-se que os indicadores de junho fossem reverter parte dessa piora, mas os números divulgados recentemente mostram que isso não está acontecendo na intensidade esperada.

O índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) abriu a semana em baixa de 0,22%, com 74.847 pontos, pressionada por uma queda das ações de empresas de grande porte, chamadas de blue chips, como Petrobras (-1,39%), Bradesco (-1,49%), Vale (-1,63%) e Itau (-0.31%).

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