Dólar cai 4% em janeiro, maior queda mensal em 6 meses
Agentes econômicos acreditam que será difícil a moeda cair muito mais no curto prazo por conta da reforma da Previdência
Reuters
Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 17h18.
Última atualização em 31 de janeiro de 2018 às 17h43.
São Paulo - O dólar fechou janeiro com a maior queda mensal em seis meses, abaixo de 3,20 reais, com o mercado mais otimista diante da cena política local, mas com os agentes econômicos acreditando que será difícil cair muito mais no curto prazo por conta da reforma da Previdência.
O dólar subiu 0,01 por cento nesta quarta-feira, a 3,1803 reais, acumulando recuo de 4,05 por cento em janeiro, maior queda mensal desde julho passado (-5,87 por cento).
Na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,1464 reais e, na máxima, a 3,1938 reais.
"Como a mudança na Previdência vai contra os anseios políticos dos eventuais candidatos, dificulta o trabalho do governo em conseguir votos", disse o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer, para quem a reforma não deve ser aprovada e, assim, o dólar tende a subir.
A votação em primeiro turno da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados está marcada para 19 de fevereiro, mas o governo ainda não tem os 308 votos necessários para passar o texto e, por isso, seguia negociando com a base aliada.
A matéria é considerada essencial para colocar as contas públicas em ordem mas, diante da dificuldade que o presidente Michel Temer tem enfrentado para conseguir apoio político, poucos agentes econômicos acreditavam que ela será votada no curto prazo.
Para fevereiro, os investidores também vão ficar à espera da atuação do Banco Central no mercado cambial, uma vez que em março vencem 6,154 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional, equivalentes à venda futura de dólares.
"Acredito que o BC pode deixar vencer parte desse total, caso o dólar permaneça nesses níveis", avaliou o tesoureiro de um grande banco estrangeiro.
O estoque total de swap cambial tradicional é de 23,796 bilhões de dólares. A última vez que o BC atuou no mercado foi em dezembro, rolando integralmente os swaps que venceram em janeiro.
Nesta sessão, o dólar passou por movimento técnico pela manhã e caiu mais de 1 por cento, com a formação da taxa Ptax de final de mês e, à tarde, ficou sob expectativa da decisão do Federal Reserve, banco central norte-americano, que ocorreu simultaneamente ao fechamento do mercado cambial brasileiro à vista.
O Fed não mudou a taxa de juros dos Estados Unidos, mas informou que vê a inflação subindo neste ano, alimentando as expectativas de que elevará as taxas em março, sua próxima reunião.
Após a divulgação do Fed, o dólar futuro no Brasil ampliou ligeiramente a queda, a cerca de 0,10 por cento no final da tarde.
A forte queda do dólar frente ao real em janeiro veio com o mercado apostando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mais distante da corrida eleitoral deste ano, após sua condenação por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro ter sido confirmada por unanimidade em segunda instância na semana passada.
O petista é visto pelos investidores financeiros menos comprometido com medidas de ajuste fiscal.