Dólar tem leve alta e vai a R$2,41 com eleições
Impacto do aumento da atuação do Banco Central no câmbio foi ofuscado por pesquisas eleitorais mostrando avanço da presidente Dilma Rousseff
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2014 às 14h02.
São Paulo - O dólar alternava entre leves altas e baixas nesta quarta-feira, rondando o patamar de 2,41 reais, com o impacto do aumento da atuação do Banco Central no câmbio ofuscado por duas pesquisas eleitorais mostrando avanço da presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições de outubro.
Segundo analistas, a medida do BC deve evitar que a moeda norte-americana continue subindo como aconteceu nas últimas semanas, mas não é suficiente para impor uma trajetória de queda mais consistente, já que incertezas eleitorais e internacionais devem continuar pesando sobre o mercado brasileiro.
Às 12h16, o dólar subia 0,09 por cento, a 2,4093 reais na venda, após fechar acima de 2,40 reais pela primeira vez em sete meses na véspera e acumular alta de mais 7 por cento no mês. Na mínima do dia, chegou a 2,3968 reais e, na máxima, a 2,4181 reais.
"Está dado o recado: o BC não quer que o dólar suba mais", disse o tesoureiro-chefe do banco Daycoval, Gustavo Godoy, acrescentando que a moeda norte-americana deve voltar abaixo de 2,40 reais nos próximos dias e continuar rondando esse nível por enquanto, a menos que as pesquisas eleitorais surpreendam.
O BC vendeu nesta manhã 15 mil swaps, que equivalem a venda futura de dólares, para rolar os contratos que vencem em 1º de outubro, mais que o dobro do volume que vinha colocando até então, de 6 mil swaps.
Ao todo, rolou o cerca de 64 por cento do lote total, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares.
Levando em conta que o BC não tem feito leilões de rolagem no último dia útil de cada mês, e se mantiver e vender todo o volume ofertado de 15 mil papeis diários até o dia 29, a autoridade monetária rolará quase 100 por cento dos contratos que vencem em 1º de outubro, no volume equivalente a 6,677 bilhões de dólares.
Nesta manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo a oferta total de até 4 mil swaps, com volume equivalente a 197,6 milhões de dólares.
Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de junho e 3 mil para 1º de setembro de 2015.
"Quer seja a intenção do BC ou não, sua política de intervenções levou o real a ser negociado em 'zonas' bem definidas, a mais recente sendo aproximadamente 2,20 a 2,30 (reais).
Essa última intervenção, se bem-sucedida, parece estar preparando uma zona de 2,30 a 2,40 reais", escreveu o diretor de pesquisa para mercados emergentes do Nomura, Tony Volpon, em relatório.
Operadores entendem que o BC está preocupado com o impacto sobre a inflação da recente escalada do dólar sobre o real, que tem tido como pano de fundo pesquisas eleitorais mostrando Dilma Rousseff, alvo de críticas do mercado pela condução da atual política econômica, ganhando força sobre a rival Marina Silva (PSB).
Esse cenário foi reforçado pelas pesquisas Ibope e Vox Populi divulgadas na véspera.
Pelo primeiro levantamento, Dilma oscilou 1 ponto para cima e foi a 41 por cento num esperado segundo turno das eleições, empatando com Marina, que oscilou 2 pontos para baixo, dos 43 por cento que tinha na semana.
"Está tudo em cima de expectativas sobre as eleições e, neste momento, essas expectativas são favoráveis à alta do dólar", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.
Atualizado às 12h26