Dólar: moeda continuava acima de 4 reais nesta manhã (Bruno Domingos/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2019 às 09h20.
Última atualização em 17 de maio de 2019 às 14h45.
São Paulo — O dólar disparava ante o real nesta sexta-feira, batendo a marca de 4,10 reais, nas máximas em mais de sete meses, com o mercado testando a disposição do Banco Central para atuar no câmbio em mais um dia de desconforto com a cena política local e o exterior.
Às 13:21, o dólar avançava 1,54%, a 4,0989 reais na venda. Na máxima, a moeda tocou 4,1043 reais.
O dólar futuro ganhava cerca de 1,2% neste pregão.
Na quinta-feira, a divisa encerrou com avanço de 1,01%, a 4,0366 reais na venda, fechando acima dos 4 reais pela primeira vez em sete meses e meio.
Para analistas, o descolamento do real em relação a seus pares já suscita debate mais acirrado sobre os riscos de intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.
O Citi diz que o BC deve atuar com o dólar oscilando entre 4,10 reais e 4,20 reais.
O real tem o pior desempenho entre as principais moedas globais nesta sessão, conforme investidores passavam a cogitar um cenário ainda mais conturbado para a reforma da Previdência.
"A grande questão é a falta de coordenação política, a falta de uma mão forte que possa dar sequência. O governo Bolsonaro mostra que não existe nenhuma habilidade não só do presidente como também de seus ministros", afirmou Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora.
O Banco Central vendeu nesta sexta-feira todos os 5,05 mil swaps cambiais tradicionais ofertados em leilão para rolagem do vencimento julho. Em 12 operações, o BC já rolou 3,030 bilhões de dólares, de um total de 10,089 bilhões de dólares a expirar em julho. O estoque de swaps do BC no mercado é de 68,863 bilhões de dólares.
A bolsa paulista ensaiava uma melhora nesta sexta-feira, em meio a buscas por barganhas após o Ibovespa atingir a mínima do ano na véspera, mas continuava enfraquecida pela deterioração do clima político no país em um ambiente de debilidade econômica, enquanto persiste a tensão com o embate comercial EUA-China.
Às 11h25, o Ibovespa subia 0,65%, a 90.605,14 pontos.
Nos primeiros negócios, recuou a 89.694,96 pontos. O volume financeiro somava 3,6 bilhões de reais.
Na véspera, o Ibovespa fechou a 90.024,47 pontos. Até o momento, caminhava para fechar a semana no vermelho.
Embora as novas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China tenham voltado ao centro das atenções, o noticiário político espinhoso no país tem alimentado preocupações sobre novos potenciais atrasos na reforma da Previdência, com reflexos no sentimento de investidores e desempenho da economia.
Para o estrategista para mercados emergentes do banco Julius Baer, Mathieu Racheter, a aprovação da reforma da Previdência continua sendo o fator mais importante para reconstruir a confiança e impulsionar o crescimento econômico.
"Esperamos que a volatilidade do mercado permaneça em níveis elevados nas próximas semanas", afirmou.
No caso da bolsa especificamente, o vencimento de contratos de opções sobre ações na segunda-feira corrobora com tal volatilidade, dada a participação relevante no Ibovespa de papéis que figuram entre as séries mais líquidas no exercício, entre eles as ações da Petrobras.
Na visão dos estrategistas Daniel Gewehr e Joao Noronha, do Banco Santander Brasil, as perspectivas para as ações brasileiras pioraram no curto prazo, com potencial para permanecerem de lado, em meio à decepção com crescimento recente do Brasil e renovadas preocupações globais economia.
Tal cenário sugere que a bolsa brasileira deve repetir em maio a sina dos últimos nove anos, quando o mês fechou no vermelho, chancelando um famoso ditado do mercado financeiro - "sell in May and go away" (venda em maio e vá embora). Até a véspera, o Ibovespa acumulava queda de 6,57% no mês.
No exterior, Wall Street cessava a melhora dos últimos pregões e o S&P 500 caía 0,59%, após a mídia chinesa adotar um tom mais firme sobre a disputa tarifária entre Washington e Pequim. Pesquisa Reuters também mostrou economistas vendo maior risco de recessão nos EUA devido à guerra comercial.
Destaques
- SUZANO tinha alta de 3,80%, entre as maiores valorizações do dia, encontrando suporte na alta do dólar frente ao real, com a cotação já superando 4 reais.
- JBS subia 3,17%, com o setor de proteínas novamente na ponta positiva, em meio a perspectivas de maior demanda da China por causa do surto de febre suína africana, além do movimento da taxa de câmbio, que beneficia exportadoras. MARFRIG avançava 3,21% e BRF ganhava 0,78%.
- CSN subia 3,27%, com potencial aumento de preço de aço no radar do setor. De acordo com o jornal Valor Econômico, a CSN está informando clientes que vai aplicar reajuste de 10% a 12,25% no aço plano a partir de 1º de junho. USIMINAS PNA ganhava 3,12% e GERDAU PN subia 1,02%.
- CVC BRASIL perdia 5,62%, tendo de pano de fundo o cenário de economia fraca no país e valorização do dólar ante o real, além de reflexos da crise envolvendo a companhia aérea Avianca Brasil, em recuperação judicial.
- GOL caía 0,19%, também efetada pela alta do dólar frente ao real, além de delação premiada de sócio da companhia envolvendo pagamento de propinas a políticos. No setor, AZUL cedia 0,90%.
- ITAÚ UNIBANCO subia 1,37%, ajudando no desempenho positivo do Ibovespa, dada a relevante participação na composição do índice, enquanto BRADESCO tinha alta de 0,30%. BANCO DO BRASIL e SANTANDER BRASIL avançavam 1,18% e 1,10%, respectivamente.
- VALE tinha acréscimo de 1,08%, após recuar mais de 3% na véspera, conforme os preços do minério de ferro dispararam na China, superando 100 dólares a tonelada.
- PETROBRAS PN tinha leve alta de 0,24%, tendo de pano de fundo comportamento divergente entre os contratos futuros do petróleo no exterior. PETROBRAS ON subia 1,08%