Mercados

Dólar sobe e caminha para R$4,20 com peso argentino e pesquisa eleitoral

Às 12:14, o dólar subia 1,80 por cento, a 4,1878 reais, depois de ter caído 0,65 por cento na véspera

Dólar operava com forte alta e caminhando para os 4,20 reais nesta quinta-feira (Hafidz Mubarak/Reuters)

Dólar operava com forte alta e caminhando para os 4,20 reais nesta quinta-feira (Hafidz Mubarak/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 30 de agosto de 2018 às 12h20.

Última atualização em 30 de agosto de 2018 às 12h25.

São Paulo - O dólar operava com forte alta e caminhando para os 4,20 reais nesta quinta-feira, pressionado pelo avanço da moeda norte-americana ante divisas de emergentes no exterior, com destaque para o peso argentino, e após nova rodada de pesquisa eleitoral reforçar o potencial do candidato do PT apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais de outubro.

Às 12:14, o dólar subia 1,80 por cento, a 4,1878 reais, depois de ter caído 0,65 por cento na véspera, para 4,1143 reais.

Na máxima, a moeda foi a 4,1924 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,80 por cento.

"Além de um cenário local totalmente indefinido para as eleições e pauta-bomba no Congresso aumentando despesas para o próximo presidente, o cenário externo torna-se cada vez mais negativo para risco, onde a cada dia que passa surge um país emergente tomando mais um tiro", disse o diretor da More Invest Gestora de Recursos Leonardo Monoli.

No mercado internacional, o dólar operava em alta ante a cesta de moedas e subia forte ante divisas de países emergentes, com destaque para o peso argentino e lira turca.

O banco central argentino anunciou nesta sessão aumento para 60 por cento do juro do país, de 45 por cento, numa tentantiva de conter uma crise cambial e também o avanço da inflação. Na abertura dos negócios, o peso argentino desabou mais de 15 por cento, para a mínima recorde de 39 por dólar, perdendo metade de seu valor em um ano. Mesmo perdendo força, o dólar subia mais de 10 por cento ante a moeda argentina.

"A Argentina foi a cereja do bolo hoje. Mercado acionou stop loss (interrupção de perdas)", disse o diretor de operações da Mirae, Pablo Spyer, ao comentar o cenário nervoso desta quinta-feira.

Embora os especialistas comentem que o quadro doméstico é diferente do argentino, por exemplo, com nossas contas externas muito mais saudáveis, os investidores acabam promovendo ajustes generalizados em suas carteiras de emergentes quando há preocupação em algum dos lugares em que investem.

Internamente, a pesquisa DataPoder360 não trouxe um cenário muito diferente dos outros levantamentos, com Lula liderando a disputa e Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato do mercado, sem decolar.

Mas mostrou que se Lula tiver que abrir mão da candidatura para Fernando Haddad, este teria potencial de receber 8 por cento de votos "com certeza", enquanto 26 por cento "poderiam votar" nele no caso de ser apoiado pelo ex-presidente. Ou seja, seriam grandes as chances de um segundo turno com a presença de um petista.

"Se esses números forem reais, a chance do candidato do PT chegar ao segundo turno são grandes. Triste perspectiva para o mercado financeiro, que trabalha em um ambiente de alta volatilidade, pressão e especulação com o atual cenário eleitoral", afirmou a Advanced Corretora em comentário.

É por essa razão que a possibilidade de julgamento na sexta-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da participação de Lula na propaganda de rádio e televisão está sendo acompanhada de perto pelos investidores e ajuda a trazer cautela nos negócios.

O TSE também pode vir a decidir na sexta-feira sobre as impugnações ao registro de candidatura de Lula. O petista está preso desde abril no âmbito da Operação Lava Jato.

Ajuste fiscal

Outro assunto que azedou os negócios foi a decisão do presidente Michel Temer de conceder aumento aos salários do Supremo Tribunal Federal (STF) e também de não adiar o reajuste dos servidores públicos, o que certamente impactará nas delicadas contas públicas.

A secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, declarou na véspera, no entanto, que apesar da decisão de Temer, o governo enviará em breve um Orçamento ao Congresso prevendo estas despesas maiores.

O Banco Central brasileiro realiza nesta sessão leilão de até 4,3 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para concluir a rolagem do vencimento de setembro, no total de 5,255 bilhões de dólares.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólar

Mais de Mercados

Realização de lucros? Buffett vende R$ 8 bilhões em ações do Bank of America

Goldman Sachs vê cenário favorável para emergentes, mas deixa Brasil de fora de recomendações

Empresa responsável por pane global de tecnologia perde R$ 65 bi e CEO pede "profundas desculpas"

Bolsa brasileira comunica que não foi afetada por apagão global de tecnologia

Mais na Exame