A moeda dos Estados Unidos se depreciou 0,30% (Mark Wilson/Getty images)
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2012 às 17h57.
São Paulo - Sem medidas práticas adotadas pelo Federal Reserve (Fed) e pelo Banco Central Europeu (BCE), a aversão ao risco voltou a tomar conta dos mercados financeiros, resultando no fortalecimento do dólar ante o euro e as moedas emergentes. No mercado à vista de balcão, a divisa norte-americana encerrou a sessão desta quinta-feira cotada a R$ 2,05, com alta de 0,34%. Na BM&F, o pronto encerrou o pregão a R$ 2,0482, com valorização de 0,21%, e o contrato futuro de setembro mostrava aumento de 0,22%, a R$ 2,0615, às 16h43.
Para alguns especialistas, o impulso do dólar não foi maior devido ao fluxo positivo de recursos na sessão desta quinta-feira. Segundo avaliação do gerente de mesa da Icap Brasil, Ítalo Abucater, "estamos tendo um início de mês com entradas pelos segmentos financeiro e comercial". A sua projeção é de que, sem as entradas de dólares, as frustrações com as posições do Fed e do BCE poderiam ter colocado a cotação do dólar numa faixa de R$ 2,07 a R$ 2,08. Abucater também ressaltou a volatilidade maior do euro, que não foi replicada no mercado doméstico.
Depois de ter sido negociada na casa de US$ 1,22 no início do dia, a moeda única subiu a US$ 1,24 com expectativas positivas em relação à fala do presidente do BCE, Mário Draghi, e caiu para níveis de US$ 1,21, depois que ele se limitou a traçar um cenário ruim para a Europa e a fazer promessas de retomar as compras de bônus de países em dificuldade. "Não anunciou nada prático imediato, o euro oscilou fortemente, mas o real ficou mais ou menos em linha", completou.
Para o operador da Corretora Renascença, José Carlos Amado, esse comportamento comedido das cotações do dólar ante o real estão associadas ao fato de que os investidores sabem que o Banco Central continua vigilante e não deve permitir que o dólar saia do intervalo de R$ 2,00 a R$ 2,10. Esse nível é considerado confortável tanto do ponto de vista da inflação quanto em relação à produção e tem sido defendido pela autoridade monetária e pelo governo por meio de medidas cambiais e por declarações.
Ainda assim, os especialistas acreditam que durante o mês de agosto o dólar poderá sustentar-se mais próximo de R$ 2,05, superando, portanto, a faixa de R$ 2,03 que prevaleceu no mês passado. Para alguns, o motivo dessa expectativa é a percepção de que esse fluxo positivo identificado no início do mês pode minguar, visto que agosto é período de férias no hemisfério norte, o que tende a encolher os negócios. Já outros ressaltam que há operações de captação externa prontas e, embora a janela de oportunidade para ir a mercado seja curta, algumas operações ainda podem sair.