A Moody's também disse que a aprovação no Congresso do aumento do limite do endividamento no dia 2 de agosto é um "passo dado numa boa direção, o da redução do déficit" ( Karen Bleier/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2012 às 17h59.
São Paulo - Sintonizado com a desvalorização generalizada no exterior, o dólar caiu no mercado doméstico nesta quinta-feira após fechar com leves altas nas quatro sessões anteriores. O volume de negócios à vista manteve-se firme, ajudado pela maior movimentação dos investidores em torno das rolagens de contratos futuros na BM&FBovespa.
O recuo da divisa dos EUA ante o real foi mais contido do que as quedas apuradas em relação ao euro e algumas moedas ligadas a commodities, como os dólares australiano, a rupia indiana e o dólar neozelandês. Isso por causa da persistente expectativa de uma eventual atuação do Banco Central no câmbio para impedir a valorização do real.
"O BC praticamente tirou a volatilidade do câmbio. O dólar deveria estar caindo mais, para o patamar de R$ 2,010. Só não cedeu ainda devido à possibilidade de o BC intervir", afirmou um operador de tesouraria de um banco.
Nesta quinta-feira o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, reiterou a disposição do BC de continuar intervindo no câmbio. Segundo ele, "desde 2004, o Banco Central anunciou sua intenção de continuar a acumular reservas internacionais, desde que o mercado proporcione uma boa oportunidade". "Nesses últimos sete, oito anos tivemos momentos de intervenções mais pesadas e frequentes do que o atual. Não existe uma regra preestabelecida." Recentemente, as intervenções do BC no câmbio vêm sendo feitas no mercado futuro, através de leilões de swap cambial reverso, em vez de compra de moeda à vista destinada às reservas do País.
Apesar da fraca oscilação dos preços da moeda durante o dia, uma maior movimentação dos investidores em torno das rolagens de contratos futuros na BM&FBovespa ajudou a manter o giro de negócios à vista consistente. Favoreceram ainda o movimento firme as operações de caixa das instituições financeiras e o fluxo comercial, que hoje foi negativo e em volume menor do que nos dois dias anteriores.
O dólar à vista fechou a R$ 2,0310, com queda de 0,20% no balcão e de 0,11% na BM&FBovespa. O giro total registrado na clearing de câmbio até 16h57 estava estável em relação ao anterior e somava US$ 2,727 bilhões (US$ 2,232 bilhões para liquidação em dois dias D+2).
No mercado futuro, em função das rolagens de contratos, a liquidez começou a migrar para o vencimento de dólar de novembro. Às 17h04, o contrato da moeda para outubro de 2012 recuava 0,27%, a R$ 2,0310, com volume financeiro de US$ 12,745 bilhões; e para novembro de 2012 caía 0,32%, a R$ 2,0410, com giro de US$ 3,257 bilhões. Ao todo, cinco vencimentos de dólar foram transacionados até esse horário, todos em baixa, com giro de US$ 16,022 bilhões - 13% superior ao da véspera.
Lá fora, os dados negativos dos Estados Unidos (sobretudo a revisão em baixa do crescimento do PIB do segundo trimestre (de 1,7% para 1,3%) e a queda de 13,2% do índice de encomendas de bens duráveis), o Orçamento da Espanha e uma injeção de liquidez no sistema bancário na China estimularam o apetite por ativos de risco, como ações, commodities e moedas consideradas mais arriscadas, como o euro e algumas divisas de emergentes.
Em Nova York, às 17h21, o euro subia a US$ 1,2913, de US$ 1,2873 no fim da tarde de quarta-feira. O dólar norte-americano também cedia diante do dólar australiano (-0,60%) do dólar canadense (-0,38%), da rupia indiana (-1,24%) e do dólar neozelandês (-0,83%).