BC: o BC vem atuando com mais força nos mercados e, nesta sessão, anunciou e vendeu integralmente a oferta de até 40 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares (Thinkstock/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 7 de junho de 2018 às 13h06.
São Paulo - A constante alta do dólar, que nesta quinta-feira já era negociado no patamar de 3,90 reais, obrigou o Banco Central a novamente anunciar intervenção extraordinária, tentando trazer mais equilíbrio ao mercado afetado pelo nervosismo dos investidores com as cenas política e fiscal locais.
Às 12:24, o dólar avançava 1,76 por cento, a 3,9058 reais na venda, depois de bater a máxima de 3,9147 reais no dia, maior nível intradia desde fevereiro de 2016. O dólar futuro tinha alta de cerca de 1,50 por cento.
"Estamos vendo um pequeno ataque especulativo ao Brasil via câmbio, mas acredito que é perfeitamente contornável", afirmou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi.
O mercado doméstico piorou após a greve dos caminhoneiros elevar as preocupações com a deterioração do quadro fiscal do Brasil, com a redução do preço do diesel gerando impacto bilionário sobre as contas do governo.
Além disso, pesquisas eleitorais têm mostrado dificuldade dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração na corrida presidencial.
Com isso, o BC vem atuando com mais força nos mercados e, nesta sessão, anunciou e vendeu integralmente a oferta de até 40 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.
Mais cedo, o BC já havia vendido integralmente outro lote de até 15 mil novos swaps, injetando com esses dois leilões 6,866 bilhões de dólares neste mês no mercado.
O BC também vendeu integralmente a oferta de até 8.800 swaps para rolagem, já somando 2,2 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o volume.
A turbulência recente levou os estrategistas a elevarem suas projeções para o dólar, mas a incerteza sobre as cotações disparou, mostrou pesquisa da Reuters, ilustrando como o salto da moeda norte-americana colocou em xeque os mantras otimistas que marcaram os últimos meses.
"O BC tem mesmo que atuar. Se o dólar bater em 4 reais vai ter um mal-estar muito grande", acredita Petrassi. "Ele tem artilharia grande. Precisa aumentar o swap. Se complicar, usar(leilão de) linha. Tem que mostrar pulso firme", completou, referindo-se aos leilões de venda de dólares no mercado à vista com compromisso de recompra.
Especialistas consultados pela Reuters disseram que, caso o dólar permaneça acima do patamar de 4 reais, a atual política monetária do BC teria de ser alterada, com eventuais altas da Selic.
No exterior, o dólar também tinha viés de alta ante divisas de países emergentes, subindo ante os pesos chileno e mexicano.