Câmbio: dólar subia cerca de 1 por cento ante o real no pregão desta quinta-feira (Marcos Brindicci/Reuters)
Reuters
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 09h20.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 12h22.
São Paulo - O dólar subia cerca de 1 por cento ante o real no pregão desta quinta-feira, com o mercado aguardando uma provável decisão do presidente Jair Bolsonaro sobre a reforma da Previdência.
Às 12:07, o dólar avançava 0,94 por cento, a 3,7879 reais na venda, após avançar 1,05 por cento, a 3,7527 reais na véspera.
O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,85 por cento.
De volta a Brasília após quase duas semanas de internação, Bolsonaro se reúne às 15h com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Em entrevista à TV Record na quarta-feira, o presidente disse que decidirá nesta quinta qual será a proposta de reforma a ser enviada ao Congresso Nacional, explicando que a grande dúvida é sobre a idade mínima.
"Na visão da equipe econômica a proposta deve ser mais consistente, já na outra ponta, a política, a opção mais provável é a escolha por uma reforma mais suave. Os mercados devem ficar mais confortáveis caso a equipe econômica seja a vencedora nesse cabo de guerra, ou que um plano viável seja apresentado", afirmou o operador de câmbio da Advanced Corretora Alessandro Faganello em nota.
Também na véspera, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a proposta deve ser submetida ao Congresso antes do Carnaval, na primeira semana de março, mas não descartou enviá-la na próxima semana se estiver "tudo pronto e maduro".
Uma eventual decisão de Bolsonaro nesta quinta-feira não deve ser suficiente para amenizar a ansiedade e cessar a volatilidade que permeia o mercado com relação à Previdência, uma vez que ainda há uma preocupação sobre o tempo da tramitação, avaliou o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
"O embate a nível de Congresso será muito forte. Primeiro que vai ter que tramitar por todas as comissões, o que demanda tempo. Depois vai ter, naturalmente, um embate corporativista, um embate ideológico", afirmou.
A falta de perspectiva quanto ao desenho final da reforma, o que inclui as modificações que o texto sofrerá no Congresso, desencoraja o investidor estrangeiro, o que, por sua vez, resulta em um fluxo baixo para o período, ponderou Nehme.
Também há certo desconforto entre operadores, o que ajudoua fortalecer a alta do dólar, ligado a crise no governo envolvendo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, envolvido em denúncias de que seu partido, o PSL, teria usado candidatos laranja para acessar recursos públicos de financiamento de campanha.
"Se (Bebianno) não sair, vai ficar essa pecha de que é tudo igual ao que era antes e a credibilidade cai. De uma forma ou de outra, isso ronda as mesas nesta quinta-feira, até haver uma definição se ele continua ou se será exonerado", avaliou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
No exterior, após encontros entre autoridades do segundo escalão ao longo da semana, nesta quinta-feira começaram as negociações de mais alto nível entre chineses e norte-americanos, depois de a Bloomberg ter noticiado que o presidente norte-americano, Donald Trump, está avaliando adiar o prazo para aumento de tarifas em 60 dias.
O BC vendeu 10,33 mil swaps cambiais tradicionais, equivalente à venda futura de dólares. Assim rolou 5,165 bilhões de dólares dos 9,811 bilhões que vencem em março.