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Dólar fecha em queda com impeachment e cena política

O dólar recuou 0,34 por cento, a 3,2293 reais na venda, após chegar a 3,2162 reais na mínima e 3,2572 reais na máxima do dia


	Impeachment: no mês, a moeda norte-americana marcou desvalorização de 0,42%
 (Bruno Kelly / Reuters)

Impeachment: no mês, a moeda norte-americana marcou desvalorização de 0,42% (Bruno Kelly / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2016 às 17h20.

São Paulo - O dólar fechou em leve queda nesta quarta-feira ao fim de uma sessão volátil após o Senado aprovar o impeachment da presidente Dilma Rousseff mas manter seus direitos políticos, gerando críticas de parlamentares da base e alimentando preocupações no mercado com a governabilidade sob o mandato do presidente Michel Temer.

O dólar recuou 0,34 por cento, a 3,2293 reais na venda, após chegar a 3,2162 reais na mínima e 3,2572 reais na máxima do dia. No mês, a moeda norte-americana marcou desvalorização de 0,42 por cento.

O dólar futuro recuava cerca de 0,10 por cento nesta tarde.

"O impeachment ficou para trás e o que sobrou foi todo esse ruído, essa dúvida sobre o que vai ser da base aliada", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.

Dilma foi condenada pelo Senado por 61 votos a 21, placar considerado um pouco maior do que o esperado por alguns operadores, mas manteve os direitos políticos da agora ex-presidente.

Essa decisão gerou desconforto entre parlamentares da base aliada do novo governo, fazendo o mercado reagir negativamente, com medo de que esses atritos se traduzam em maior dificuldade na aprovação de medidas de austeridade fiscal.

Temer, que assumiu nesta tarde a Presidência da República em caráter definitivo, vem enfrentando obstáculos para encontrar suporte no Congresso Nacional para suas medidas de ajuste.

Muitos operadores esperavam que ele enrijeça sua postura ao negociar com parlamentares agora.

"Daqui para frente, os preços (nos mercados financeiros) só vão continuar melhorando se houver um ajuste fiscal claro que comece o mais cedo possível. E eu acho que há espaço para melhorar", disse o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello, evitando citar cotações específicas.

"O mercado foi bastante complacente com o governo (Temer) por causa da interinidade, assumindo que ele evitou atritos com o Congresso para não atrapalhar o processo de impeachment, mas isso acaba agora", acrescentou ele.

Nesse contexto, o mercado brasileiro destoou de seus pares, onde o dólar fortalecia em relação a diversas moedas emergentes após números fortes sobre o emprego no setor privado norte-americano.

O indicador alimentou expectativas de que o aguardado dado de criação de vagas fora do setor agrícola nos Estados Unidos de sexta-feira também mostre bom desempenho, abrindo espaço para iminente aumento de juros.

Declarações de autoridades do Federal Reserve vêm fortalecendo as apostas de que o banco central dos EUA deve elevar os juros em breve, possivelmente até no mês que vem. Juros mais altos nos EUA tendem a prejudicar ativos emergentes, que oferecem rendimentos elevados.

O Banco Central brasileiro não fez leilão de swap reverso nesta sessão, mantendo a prática que vem adotando no último pregão de cada mês, mas ofereceu até 3,3 bilhões de dólares com compromisso de recompra pela manhã.

A operação tem como fim rolar contratos já existentes. Pela manhã, o mercado foi sensibilizado pela briga pela formação da Ptax de agosto, taxa calculada pelo BC que serve de referência para diversos contratos cambiais.

Texto atualizado às 17h20

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