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Dólar deve continuar estável a R$ 2 por vários meses

Economistas agora apostam que a moeda americana só será negociada em torno de R$ 1,97 daqui a um ano, queda de apenas 2,5% em relação ao nível atual

Notas de dólar (SXC.HU)

Notas de dólar (SXC.HU)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 13h34.

Rio de Janeiro - As intervenções do governo brasileiro no mercado cambial convenceram a maioria dos economistas de que o dólar ficará estável e em torno de 2 reais pelo menos durante os próximos seis meses, de acordo com pesquisa da Reuters divulgada nesta quinta-feira.

Outro motivo para a estabilidade do câmbio é o crescimento das preocupações com a China e com a zona do euro. As incertezas sobre a economia mundial vem ofuscando as expectativas de fortes fluxos cambiais para o Brasil, resultantes das políticas de estímulo monetário nos Estados Unidos.

Economistas agora apostam que o dólar será negociado em torno de 1,97 real daqui a um ano, queda de apenas 2,5 por cento em relação ao nível atual, segundo a mediana de 32 instituições financeiras no Brasil e no exterior.

Atualmente, a moeda norte-americana tem oscilado em torno de 2,02 reais, uma alta de quase 20 por cento desde fim de fevereiro, quando atingiu a mínima do ano, a 1,69 real. Há apenas dois meses, economistas previam que o dólar cairia para 1,96 real em fevereiro de 2013 e para 1,92 real em agosto.

"O mundo mudou, os preços das commodities mudaram, a China mudou e também a gente vê o BC mais ativo nas pontas de intervenção", disse o economista-chefe do Bradesco BBI, Dalton Gardiman. "A soma desses componentes justifica plenamente um real mais depreciado nos próximos meses." Preocupações sobre a magnitude da desaceleração econômica da China, que deve se estender pelo sétimo trimestre consecutivo, têm reduzido as apostas do mercado na alta dos preços das commodities, com impacto direto no desempenho das exportações brasileiras.

Além disso, analistas esperam que a crise persistente da zona do euro continue trazendo episódios regulares de aversão global a risco, levando investidores a buscarem aplicações mais seguras em dólar.

No Brasil, particularmente, os fluxos de saída de capital podem crescer quando companhias locais começarem a pagar os juros dos diversos bônus denominados em dólar recentemente emitidos no mercado internacional, disse a estrategista para a América Latina do HSBC, em Nova York, Marjorie Hernandez.

"De repente o cenário se tornou muito mais neutro (para o real). Nós agora prevemos pequenas saídas de dólares", disse ela.

Mesmo que todos estes fatores não venham a ser tão ruins quanto o esperado, os investidores ainda teriam que enfrentar uma "muralha" de medidas intervencionistas que o governo brasileiro prometeu usar, se necessário.


"Se o ambiente internacional melhorar no ano que vem, o que acho pouco provável, ainda assim é difícil trabalhar com uma apreciação maior do real porque o Banco Central tem usado medidas administrativas para conter o câmbio," disse o economista-chefe da CM Capital Markets, Darwin Dib, em São Paulo.

Fontes do governo disseram recentemente à Reuters que a primeira linha de defesa contra ganhos cambiais indesejados seriam leilões de swap e compras de dólares pelo BC. Se isso não for suficiente, o Ministério da Fazenda irá se juntar à luta com aumentos tributários sobre fluxos de capital.

As medidas devem garantir que dólar permaneça acima de 2 reais, nível considerado benéfico a exportadores.

O plano faz parte da campanha da presidente Dilma Rousseff contra o que ela tem chamado de "tsunami monetário", provocado por políticas monetárias expansionistas nos Estados Unidos e na Europa, o que pode afetar os exportadores brasileiros ao elevar o valor do real.

Mas muitos economistas acreditam agora que os mercados já precificaram o impacto das últimas rodadas de estímulo monetário no mundo desenvolvido, removendo um importante condutor de ganhos cambiais na América Latina.

No Brasil, isso deixa a inflação como um dos principais argumentos para uma moeda mais forte.

A inflação em 12 meses no país está atualmente quase 1 ponto percentual acima do centro da meta do governo de 4,5 por cento, pelo IPCA. Se os índices continuarem a subir nos próximos meses, as autoridades podem deixar o dólar cair para tornar as importações mais baratas.

Essa pode ser uma alternativa mais palatável do que elevar a Selic, a qual o governo reduziu para uma mínima recorde de 7,5 por cento. Ainda assim, muitos economistas dizem que há outras opções para controlar a inflação.

"Essa será a última opção deles antes de elevar a taxa de juros. A prioridade será cortes de impostos", disse Dib, do CM Capital Markets.

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