Dólar fecha em queda quase 2% após “paz” entre Bolsonaro e governadores
Fala dura de Roberto Campos sobre poder de atuação do BC também pressionou queda da moeda
Reuters
Publicado em 21 de maio de 2020 às 17h05.
Última atualização em 21 de maio de 2020 às 17h06.
O dólar fechou em queda, nesta quinta-feira, 21, apoiado pelo tom conciliador na reunião, realizada nesta manhã, entre o presidente Jair Bolsonaro e governadores. O encontro, feito de forma virtual, também teve a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre , e da Câmara, Rodrigo Maia . O dólar comercial se desvalorizou 1,9% e encerrou cotado a 5,582 reais, enquanto o dólar turismo caiu 1,9%, a 5,81 reais.
Organizada para discutir a contrapartida ao auxílio emergencial aos estados, a reunião serviu como uma trégua entre Executivo, Legislativo e governadores. A preocupação do governo era de Câmara derrubasse vetos de trechos do projeto de auxílio, como o que possibilita aumento salarial de servidores.
O governador de São Paulo, João Doria, com quem Bolsonaro vinha trocando farpas sobre o isolamento social, chegou a exaltar forma com a reunião foi conduzida e disse que seguiria “em paz”, pois “a guerra coloca todos em derrota”.
"A diminuição da tensão política é o principal fator para a queda do dólar. Havia muito risco político no preço", afirmou Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset. Segundo ele, há espaço para o real se fortalecer ainda mais. "Caiu bem a volatilidade implícita do dólar. Com o medo diminuindo, fica mais fácil para cair", disse.
Outro fator que impulsionou a queda do dólar foram as sinalizações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o poder de atuação da autarquia. Em live realizada na noite de ontem, Campos Neto disse que as reservas cambiais do Brasil estão saudáveis pode usá-las “até onde for necessário”.
“Na hora de montar posição em dólar, o especulador fica com receio de que o BC faça intervenções na moeda. Então, eles começam a desmontar posições”, disse Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.
Nesta quinta, o real foi a que mais se valorizou entre as emergentes, que tiveram um dia misto, tendo no radar a escalda de tensões sino-americanas. Ontem, o presidente Donald Trump voltou a usar sua página do Twitter para acusar a China de ser responsável pela pandemia do coronavírus covid-19. Trump também acusou a China de fazer uma campanha de desinformação para favorecer seu concorrente na corrida pela Casa Branca, o democrata Joe Biden.
Em mais um sinal de agravamento da disputa comercial entre os dois países, no mesmo dia, o Senado americano passou uma lei que pode excluir empresas chinesas de bolsas americanas por não seguirem regras de valores mobiliários dos Estados Unidos.