Mercados

Dólar tem em setembro maior alta mensal em 3 anos

Fechando o pregão desta terça a R$ 2,448, moeda norte-americana acumulou uma alta de 9,33% no mês


	Troca reais por dólares em uma casa de câmbio no Rio de Janeiro
 (Bruno Domingos/Reuters)

Troca reais por dólares em uma casa de câmbio no Rio de Janeiro (Bruno Domingos/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 18h00.

São Paulo - O dólar caiu ante o real nesta terça-feira em um movimento de realização de lucro, mas fechou setembro com a maior alta mensal em três anos. Analistas acreditam que, se as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) continuarem crescendo, essa escalada não deve dar trégua.

A moeda norte-americana caiu 0,31 por cento nesta sessão, a 2,4480 reais na venda mas, no mês, acumulou alta de 9,33 por cento. É a maior valorização mensal desde setembro de 2011, quando o avanço foi de 18,15 por cento. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro desta sessão ficou em torno de 1,2 bilhão de dólares.

"Conforme a probabilidade de a Dilma ganhar as eleições aumenta, o dólar vai subindo, e não dá para dizer onde isso vai parar", afirmou o diretor de gestão de recursos da corretora Ativa, Arnaldo Curvello.

A forte pressão cambial em setembro fez com que o real devolvesse todas os ganhos acumulados desde o início do ano e se alinhasse a outras moedas emergentes, que têm se desvalorizado por preocupações sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos.

"Nós vamos ver um cenário muito parecido com 2002: até Dilma provar que vai adotar uma política econômica mais favorável aos mercados, o mercado vai pressionar", acrescentou Curvello, referindo-se à escalada do dólar à época do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma é criticada por investidores por adotar uma política excessivamente intervencionista que, segundo eles, levou o país à recessão sem conseguir controlar a inflação.

Na véspera, duas pesquisas eleitorais mostrando a presidente à frente da ex-senadora Marina Silva (PSB) em um esperado segundo turno das eleições elevaram o dólar ao maior nível desde 2008, ápice da crise financeira global. Isso abriu espaço para que, nesta sessão, a moeda norte-americana exibisse um movimento de realização de lucros.

"O mercado está dando um respiro, mas se o cenário eleitoral não mudar, o dólar não cai muito mais do que isso", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Advanced, Reginaldo Siaca.

As próximas pesquisas eleitorais do Datafolha e do Ibope, que são mais acompanhadas pelo mercado, podem ser divulgadas já a partir desta terça-feira.

Intervenções

A perspectiva de alta sustentada do dólar é um desafio para o Banco Central brasileiro. Muitos investidores acreditam que o BC quer evitar pressões inflacionárias provocadas pelo aumento dos preços de importados e, por isso, deve continuar atuando fortemente no mercado de câmbio.

Além da oferta diária de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, a expectativa é de que a autoridade monetária role integralmente o lote de contratos que vencem em 3 de novembro e correspondem a 8,84 bilhões de dólares. Nas últimas semanas, o BC rolou praticamente todo o lote que vence na próxima segunda-feira.

A possibilidade de intervenções mais pesadas do que essas divide investidores. Apesar de já ter feito no passado leilões extraordinários de swaps e leilões de venda de dólares com compromisso de recompra, alguns acreditam que essas armas não serão utilizadas pelo BC no curto prazo.

"Em parte, a alta do dólar é um movimento global e o BC já indicou que só atua mais forte se for para coibir excessos", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.

"Além disso, a volatilidade em época de eleições é inevitável".

Todas as principais moedas latino-americanas se desvalorizaram contra o dólar neste mês, mas o real foi destaque. O peso chileno, por exemplo, perdeu cerca de 2 por cento em setembro, embora acumule queda de mais de 12 por cento desde o início do ano.

O principal fator que sustenta esse avanço global do dólar é a perspectiva de os juros subirem nos EUA de forma mais intensa, o que poderia atrair à maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em economias emergentes.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a 197,3 milhões de dólares. Foram vendidos 2 mil contratos para 1º de junho e 2 mil para 1º de setembro de 2015.

Texto atualizado às 17h58min do mesmo dia para adicionar mais informações.

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarMoedasReal

Mais de Mercados

ETF da Argentina bate recorde de investimentos e mostra otimismo de Wall Street com Milei

Ibovespa fecha em alta à espera de fiscal e bolsas americanas ficam mistas após ata do FED

B3 lança novo índice que iguala peso das empresas na carteira

Carrefour Brasil: desabastecimento de carne bovina afeta lojas do Atacadão