Mercados

Dólar atinge maior valor desde abril de 2005

O BC decidiu aumentar a intervenção no câmbio


	Notas de dólar: a moeda americana registrou alta de 1,49% ontem e foi cotada a R$ 2,6510
 (Arquivo/Agência Brasil)

Notas de dólar: a moeda americana registrou alta de 1,49% ontem e foi cotada a R$ 2,6510 (Arquivo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2014 às 07h10.

São Paulo - O Banco Central anunciou nesta quinta-feira, 11, uma nova intervenção no mercado para tentar segurar a escalada do dólar. A moeda americana registrou alta de 1,49% ontem e foi cotada a R$ 2,6510. É o maior patamar registrado pela moeda americana desde 1.º de abril de 2005.

O BC fará amanhã dois leilões de vendas de dólares com compromisso de recompra, oferecendo até US$ 2 bilhões. A instituição costuma fazer operações deste tipo no fim do ano, quando muitas multinacionais demandam moeda à vista para envio para as matrizes no exterior.

Mas os valores são sempre menores. Em dezembro, até agora, foram duas operações, nos dias 2 e 8, de até US$ 1 bilhão.

Com leilão de linha anunciado para amanhã e o programa diário de swap - equivalentes à venda de dólares no mercado futuro - , o BC deve colocar no mercado o equivalente a cerca de US$ 2,7 bilhões. Neste mês, a moeda americana já subiu 3,27% e, desde janeiro, a alta foi de 12,52%.

A valorização do dólar nesta quinta teve como pano de fundo a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC.

Na avaliação dos investidores, o documento foi considerado dúbio por não indicar claramente qual será a tendência para a política monetária.

O documento teria, inclusive, aberto a possibilidade de a alta da taxa básica de juros (Selic) ser de apenas 0,25 ponto porcentual em janeiro - e não de 0,50 ponto, como vinha apostando o mercado.

"O mercado não ficou satisfeito com a ata", avaliou um profissional, gerente da mesa de câmbio de um banco, para o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, "Parece faltar convicção para o BC para colocar ao mercado uma política monetária mais convincente", disse.

Segundo ele, o fato de o Copom ter acenado com o uso da política fiscal para segurar a inflação - inclusive, com a contribuição do setor público podendo se deslocar para a zona de "contenção fiscal" - não resolve o problema.

Os analistas também viram uma mensagem pouco clara na postura do presidente do BC, Alexandre Tombini, durante o almoço de fim de ano na Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Tombini pouco falou de câmbio nem mesmo abordou a questão da continuidade ou não do programa de swaps em 2015.

"Ele havia dito que o BC teria duas semanas para decidir. Mas o mercado fica na expectativa. Como não falou nada de câmbio, o dólar deu uma subida rápida", disse um operador de uma corretora.

Há também muita incerteza com a atividade econômica do Brasil. De acordo com profissional ouvido pelo Broadcast, ficou claro que a recuperação da atividade no País ainda será demorada.

"O cenário está ruim para o Brasil. O próprio documento do Copom fala em recuperação do crescimento no segundo semestre de 2015", afirmou.

Exterior

A desconfiança com a economia brasileira somou-se aos sinais vindos do exterior.

O recuo para 294 mil nos pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos na última semana foi considerado um resultado melhor que o esperado.

Outro sinal positivo foi o avanço de 0,7% nas vendas do varejo americano em novembro ante outubro, acima do 0,4% projetado.

A recuperação da economia americana favorece a valorização do dólar ante as demais moedas.

Além disso, a leitura do mercado é que, diante desse cenário, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) terá de elevar os juros, o que deve roubar recursos de emergentes como o Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCâmbioDólarMercado financeiroMoedas

Mais de Mercados

Nasdaq cai 2,4% puxado por Intel e Amazon e aprofunda correção

Ibovespa cai 1,2% com pessimismo nos EUA e volta aos 125 mil pontos

Payroll, repercussão de balanços das big techs e produção industrial no Brasil: o que move o mercado

Mercado amanhece tenso e ações no Japão têm pior dia desde 2016

Mais na Exame