Dólar: após operar em alta ao longo do dia, moeda americana se desvaloriza em fim de pregão e fecha estável (Sertac Kayar/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 24 de setembro de 2019 às 18h07.
Última atualização em 24 de setembro de 2019 às 18h22.
O dólar ameaçou subir nesta terça-feira (24), permanecendo em alta por quase todo o pregão. O recuo só veio próximo do fim do dia, quando o dólar ficou abaixo de 4,17 e fechou praticamente estável a 4,1695 – queda de 0,034%. Para analistas, o aumento da pressão por um impeachment de Donald Trump e o discurso “agressivo” do presidente Bolsonaro na ONU podem ter pesado sobre o mercado ao longo do dia. Embora o dólar tenha conseguido se recuperar no final, o mesmo não ocorreu com o Ibovespa, que caiu 0,73% e foi a 103,875,66.
Sinal dos tempos, analistas revisaram suas projeções do dólar para o final do ano para até 4,20 reais. Como ainda ainda há no radar eventos que podem fazer o dólar se desvalorizar, como a reforma da Previdência e a tributária, ainda há casas de investimentos que acredita em um dólar a 3,90 reais.
Mas nem todo o mercado espera por uma queda do dólar no curto ou médio prazo. Responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, acredita que o “patamar mudou” e que a moeda americana vai ficar acima dos 4 reais. “Ainda há espaço para mais altas”, acrescentou.
Segundo Nagem, o Banco Central está atuando quase todo dia no mercado de câmbio para prover liquidez, mas com parcimônia. “Para que que ele vai ficar mexendo? Para um país de commodities o dólar assim é bom. Juros baixos, dólar alto, isso é o primeiro aspecto. [A moeda] está em um patamar aceitável”, disse.
Na Bolsa, empresas como Vale e Petrobras tiveram perdas significativas devido a queda do preço das commodities negociadas no mercado internacional. A ação da mineradora registrou queda de 2,43% enquanto a da estatal recuou 0,76%.
Também com grande participação na carteira do índice, os papéis do Banco do Brasil se desvalorizaram 3,05%. Na noite de ontem (23), o banco suíço UBS informou o firmamento de uma parceria com o BB para abrir um banco de investimentos voltado para a América Latina.
Continuidade do ritmo de baixa iniciado no começo da semana, as ações da Embraer caíram 3,45%. Na segunda-feira, a notícia de que a União Europeia vai investigar a oferta da americana Boeing pela parte comercial da fabricante brasileira fizera as ações da Embraer recuarem 2,05%.
Por outro, quem tinha ações de frigoríficos no portfólio tem razões para sorrir. Isso porque dados alfandegários da China mostraram que o país asiático aumentou em 76% a importação de carne suína em agosto. Com isso, as ações da JBS dispararam 7,10%, liderando as altas do Ibovespa. BRF, Marfrig e Minerva subiram 2,81%, 2,72% e 3,34%, respectivamente.
As ações da B2W e Lojas Americanas também tiveram pregão de alta. O mercado entendeu como positiva a parceria da plataforma digital de pagamentos vinculadas ao grupo com a Mastercard para oferta de cartão pré-pago. A inciativa é mais uma tentativa de ampliar o negócio para o mundo físico. Os papéis da B2W se valorizaram 4,36% e os das Lojas Americanas, 2,26%.