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Dólar alto chega em bom momento para exportadoras

Analistas avaliam que apreciação da moeda norte-americana ajudou a impulsionar preço das ações

Suzano: uma das maiores produtoras de papel e celulose do mundo se beneficia de apreciação do dólar, segundo analistas (hxdyl/Thinkstock)

Suzano: uma das maiores produtoras de papel e celulose do mundo se beneficia de apreciação do dólar, segundo analistas (hxdyl/Thinkstock)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de novembro de 2019 às 07h00.

Última atualização em 29 de novembro de 2019 às 08h00.

As ações de companhias exportadoras apresentaram rentabilidade superior ao Ibovespa desde que dólar superou os 4 reais pela última vez, no último dia 6 de novembro, véspera do leilão da cessão onerosa do pré-sal. O evento, que contou com baixa participação de estrangeiros, frustrou a expectativa de entrada de capital externo.

Então, o dólar avançou. Em pouco mais de uma semana, a moeda já estava acima de 4,20 reais. A marca, até então vista como um possível “teto” por parte de analistas, não foi respeitada e, nesta semana, o dólar bateu três recordes consecutivos, chegando a fechar em 4,25 reais na quarta-feira (27).

Nesse período, exportadoras, como as dos setores de celulose, produtoras de carnes e siderúrgicas valorizaram na Bolsa. Do dia 5 a 27 de novembro, os papéis da Suzano subiram 5,22%, os da Klabin, 7,27%, os da Gerdau, 18,42% e os da Minerva, 24,8%. Enquanto isso, o Ibovespa passou de 108.719,02 pontos para 107,707,75 pontos no mesmo período – queda de 0,93%.

Para analistas consultados por EXAME, a alta do dólar contribuiu para a valorização desses ativos, mas não foi o motor principal, e sim aspectos relacionados aos setores de atuação de cada empresa. 

Papel e celulose

Além da apreciação do dólar, outro fator que tem influenciado a valorização das ações do setor é a expectativa de retomada da cotação da celulose no mercado internacional. “Temos uma visão positiva no médio e longo prazo porque o preço da celulose parece estar bem próximo do piso” afirma Betina Roxo, analista da XP Investimentos.

No ano, o baixo preço da commodity penalizou as ações da Klabin e Suzano. Até quarta-feira (27) , ambas acumulavam valorização abaixo do Ibovespa no ano, de 12,61% e 3,8%, respectivamente, contra alta de 22,55% do principal índice da Bolsa. 

Um dos fatores determinantes para a queda do preço da celulose, segundo Betina, foi o aumento dos estoques. “O preço atual por tonelada chega próximo do custo de produção de algumas empresas, o que incentiva a parada para manutenção, reduzindo a oferta", diz.

Foi assim que uma das maiores produtoras de celulose do mundo, a Suzano, reduziu seu estoque no terceiro trimestre. A medida apresentada no último balanço financeiro da companhia agradou os investidores e as ações passaram a subir. 

“No geral, vemos a cotação da celulose parando de cair e mostrando uma estabilidade melhor, com leve aumento de preço e redução de estoques na China”, afirmou Luis Sales, analista da Guide Investimentos.

Frigoríficos

Diferentemente do setor de papel e celulose, os frigoríficos vivem a lua de mel desde que a peste suína devastou rebanhos na China e forçou o país asiático a aumentar a importação do produto para atender à demanda interna. Desta vez, analistas apontam o preço da carne bovina como o principal gatilho para as ações da Minerva.

“É um cenário favorável para a exportação de gado e a cotação do câmbio tem ajudado”, disse Luis Sales. De acordo com ele, a Minerva estava melhor posicionada do que outras companhias do setor, como a Marfrig, para aproveitar o preço do boi em alta.

A analista da Terra Investimentos, Sandra Peres, disse que a apreciação da carne bovina está relacionada com a menor oferta por parte de países que também exportam boi. Isso aumenta a exportação do Brasil.”

Siderúrgicas

O movimento de alta do segmento na Bolsa, liderado pelas ações da Gerdau, está sendo impulsionado, principalmente pela recuperação do preço do minério de ferro na China e pelo aço longo, apontam analistas.

“A gente fala que a receita [do setor] é toda dolarizada. Então, quando o dólar sobe, abre espaço para o preço do aço subir também”, explicou Betina Roxo. 

Muito usado na construção o preço do aço longo pode variar conforme o nível da atividade imobiliária. Para Luis Sales, a demanda pelo produto está ficando mais aquecida, “principalmente no Brasil”.

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