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Dólar quase bate R$ 6, mas fecha em queda com atuação intensa do BC

Moeda americana renova recorde intradiário, mas perde força após leilão de swap cambial e à vista

Dólar cai 1,4% e fecha cotado a R$ 5,82 (Chung Sung-Jun / Equipa/Getty Images)

Dólar cai 1,4% e fecha cotado a R$ 5,82 (Chung Sung-Jun / Equipa/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de maio de 2020 às 17h10.

Última atualização em 14 de maio de 2020 às 19h04.

O dólar fechou em queda contra o real, nesta quinta-feira, 14, com a intensa atuação do Banco Central no câmbio. Pela manhã, quando a moeda americana tocou os 5,9725 reais e renovou o recorde intradiário, a autarquia fez leilão de até 20 mil contratos de swap. No período da tarde, quando o dólar voltava a ganhar força, o BC voltou a dar as caras, anunciando leilão no mercado à vista. Com isso, o dólar comercial caiu 1,4% e encerrou cotado a 5,82 reais. O dólar turismo, com menor liquidez, subiu 0,2%, a 6,15 reais.

“Se o BC não atuasse, o dólar teria buscado os 6 reais. Poderia cair depois, mas teria batido”, afirmou Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti Corretora. 

Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, também acredita que a moeda teria batido a marca dos 6 reais se não fosse pelo Banco Central. “Hoje o real foi a moeda com maior volatilidade implícita do mundo. De manhã, a atuação do BC foi em uma dose até maior do que o normal”, disse. Nos últimos dias, o BC vinha atuando com leilões de até 10 mil contratos de swap. O de hoje, os 20 mil contratos equivaleram a cerca de 1 bilhão de dólares.

No exterior, o dólar também chegou a perder força no início do período da tarde, logo após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed) de Mineápolis, Neel Kashkari. “O mercado está meio bipolar. São movimentos típicos de momentos de crise", comentou Ruik.

Pela manhã, quando o dólar atingiu a cotação máxima do dia, pesavam no mercado de câmbio as preocupações sobre o conflito comercial entre China e Estados Unidos e perspectiva de que a recessão possa durar mais tempo do que se imaginava.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump usou sua conta do Twitter para voltar a acusar a China de ser responsável pela pandemia de coronavírus covid-19 e também afirmou que nem mesmo “cem acordos comerciais” fariam alguma diferença.

Para Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio e sócio da Frente Corretora, ainda há temores de que a guerra comercial volte com mais intensidade. “A situação está ficando mais acentuada. Um conflito comercial provocaria uma redução do consumo global e a desaceleração da economia”, afirmou.

Com a incerteza sobre até onde pode ir a tensão entre os dois países, aumentam as buscas por proteção em dólar. "Em um cenário desses, a primeira coisa que o investidor faz é tentar não perder dinheiro. Então ele corre para os títulos americanos ou faz hedge em dólar", disse Velloni.

O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, também continua pressionando os mercados. Na fala de ontem, Powell descartou a possibilidade de juros negativos nos Estados Unidos e afirmou que a retomada da economia deve ser mais lenta do que vinha sendo esperado.

Nesta manhã, os dados americanos apontaram para mais 2,981 milhões de pedidos de auxílio desemprego dos EUA. De acordo com Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, os números, que voltaram a ficar acima das expectativas, ajudam a reforçar a percepção de que a recuperação da economia não será em formato de "V". "A economia americana não vai voltar como se imaginava há duas ou três semanas atrás. Pode ameaçar recuperar e depois cair novamente", disse.

Na sessão anterior, o dólar chegou a abrir em queda, mas virou, após o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, descartar a política de juros negativos nos Estados Unidos, e encerrou 5,901 reais.

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