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Os dois extremos do Ibovespa no primeiro trimestre

Mineração segurou o índice no saldo positivo, enquanto construção e as ações da Oi, principalmente, puxaram a Bolsa para baixo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

São Paulo - Apesar das expectativas otimistas para o mercado de ações brasileiro em 2010, o Ibovespa - principal índice de ações da BM&FBovespa - ainda não decolou. No três primeiros meses do ano, a bolsa subiu apenas 2,6%, chegando aos 70.371 pontos, reflexo da maior aversão ao risco por conta dos problemas relacionados à dívida de países da Zona do Euro, como Grécia e Portugal.

Mas poderia ser pior. Foi o setor de mineração o principal responsável por segurar o mercado brasileiro no positivo durante o primeiro trimestre.

Ganhadores

A lista com as ações que mais subiram no período revela de forma clara o efeito da conclusão da rodada de negociações para o reajuste do preço do minério de ferro da Vale, maior do mundo na produção da commodity, e as siderúrgicas asiáticas. O aumento do preço já chega a 100%. Além disso, pela primeira vez em 40 anos, o contrato não será anual. Até agora, o mais provável é que ele seja reajustado trimestralmente.

Assim, os analistas sugerem que novos aumentos podem acontecer ao longo do ano. Tal projeção explica a posição da MMX Mineração (MMXM3), Vale (VALE3 e VALE5), CSN (CSNA3) e Bradespar (BRAP4) no ranking. A siderúrgica CSN, por exemplo, ganha duas vezes. "A CSN tem 100% da sua demanda atendida por minas internas", lembra Gilberto Cardoso, analista do Banif. A Usiminas (USIM3 e USIM5), por sua vez, só tem parte de sua necessidade de minério atendida, mas mesmo assim está em posição mais confortável que outras concorrentes.

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Os ganhadores e perdedores do Ibovespa no 1º trimestre
EmpresaCódigoPreçoOscilação
MMX MineraçãoMMXM313,5335%
CSNCSNA335,6727,40%
UsiminasUSIM362,3424,80%
 USIM560,9223,70%
ValeVALE549,5517,40%
 VALE357,1515,50%
BradesparBRAP443,9514,10%
EmpresaCódigoPreçoOscilação
Brasil TelecomBRTO315,77-42,68%
 BRTO411,4-31,94%
TAMTAMM430,4-20,10%
TelemarTMAR550,11-19,50%
B2W VarejoBTOW338,4-19,40%
RossiRSID312,39-19%

Perdedores

Na ponta perdedora está o setor de Telecomunicações. A razão para a presença dos papéis da Brasil Telecom e Telemar no ranking é explicado pelos tropeços da reestruturação societária do grupo Oi. As empresas anunciaram mudanças na relação de trocas dos papéis da BrT pelos da Telemar. Agora, quem possui uma ação BRTO3 irá receber 0,3955 da ação TMAR3, não mais 0,4137. O mesmo aconteceu com as preferenciais. O acionista que aguardava ganhar 0,2531 da ação TMAR5, agora precisará se contentar com 0,2191. "Acho que a diminuição de valor foi um pouco exagerada", avalia Leonardo Nitta, analista do BB Investimentos.

Em terceiro lugar está a TAM (TAMM4). Segundo Brian Moretti, analista da corretora Planner, os negócios da empresa foram atrapalhados pelo câmbio - o dólar subiu 3,48% no período - e os recentes atentados à Rússia, que provocaram uma alta no petróleo. Tudo isso, aliado à abertura de capital (IPO) da Multiplus, gestora do programa de milhas da companhia, cujas ações foram vendidas por um preço abaixo do esperado, fez os papéis despencarem. Para o 2º trimestre, porém, Moretti é confiante: "o cenário é de melhoria, porque há um crescimento na demanda por assentos nas aeronaves".
 
A B2W (BTOW3), controladora dos serviços de varejo eletrônico do Submarino e das Lojas Americanas ficou na quarta posição. Para Pércio Nogueira, analista de varejo da Planner, a sombra da concorrência no setor foi o que mais afetou os papéis. Com entrada das operações das Casas Bahia e do Wal Mart em vendas via internet, os investidores sentiram que a liderança da B2W estava ameaçada. Mas Nogueira acha que a curto prazo não há perigo, já que o mercado não é 100% explorado: "os concorrentes vão ter que conquistar a clientela e, além disso, há mercado para todos".
 
Na quinta posição aparecem as ações da construtora Rossi (RSID3). Em parte motivada por um movimento de realização de lucros, a queda se deu também pela expectativa de aumento da taxa básica de juros e da inflação, aliada ao não cumprimento de todas as metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no ano passado. O índice IMOB, que acompanha as empresas do setor imobiliário, só não foi pior que o setorial de Telecom em 2010. Apesar disso, José Góes, analista da corretora Wintrade, acredita que a expansão do crédito e as possibilidades do segmento de vendas para a classe C e D com o "Minha Casa, Minha Vida" devem ser suficientes para levantar o setor. "Só temos que ajustar a expectativa do crescimento da construção", alerta.

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