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DIs caem com sinais de cortes da Selic em Ata do Copom

Na visão de uma parcela do mercado, isso sinaliza que os cortes vão continuar na reunião do fim de maio do Copom

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2013 (856.690 contratos) marcava 8,35% (Gustavo Kahil/EXAME.com)

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2013 (856.690 contratos) marcava 8,35% (Gustavo Kahil/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2012 às 17h27.

São Paulo - A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, mostrou que o ciclo de baixa da Selic pode continuar. No parágrafo 35 do documento, o Banco Central excluiu a parte que citava uma taxa básica em 2012 "ligeiramente acima dos mínimos históricos" e acrescentou trecho afirmando que "qualquer movimento de flexibilização monetária adicional deve ser conduzido com parcimônia".

Na visão de uma parcela do mercado, isso sinaliza que os cortes vão continuar na reunião do fim de maio do Copom, embora permaneça a dúvida sobre a intensidade da redução: 0,25 ou 0,50 ponto porcentual. Outro grupo segue apostando na manutenção da taxa básica em 9,00% ao ano, já que o Banco Central não foi explícito. Em meio a diferentes interpretações, as taxas curtas dos contratos futuros de DI recuaram ao longo do dia, enquanto as longas, após uma reação em baixa à ata, se recuperaram com a melhora externa e ficaram acima dos ajustes anteriores.

Ao término da negociação normal na BM&F, a taxa do contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2013 (856.690 contratos) marcava 8,35%, de 8,40% no ajuste de ontem. Já o DI para janeiro de 2014 (358.135 contratos) tinha taxa de 8,81%, de 8,83% de quarta-feira. Na ponta mais longa, a taxa do contrato futuro de juros para janeiro de 2017 (84.565 contratos) estava em 10,04%, ante 9,97% da véspera. Já o DI para janeiro de 2021 (6.035 contratos) marcava 10,56%, ante ajuste de 10,51%.

A reformulação do parágrafo 35 da ata, que abre espaço para novas quedas da Selic, se refletiu diretamente no movimento do mercado, que passou, em um primeiro momento, a retirar prêmios ao longo da curva a termo. Para profissionais do mercado, o Banco Central sinalizou que o ciclo de cortes pode não ter acabado. "O redator deste parágrafo, pelo menos no momento em que escreveu, está com a ideia de continuação de corte da taxa básica. A única ressalva é que o movimento deve ser conduzido com 'parcimônia'", citou Darwin Dib, economista-chefe do CM Capital Markets.

Essa "parcimônia", para alguns, indica que na reunião de 29 e 30 de maio o Copom vai anunciar um corte de 0,25 ou 0,50 ponto porcentual - menor que as reduções anteriores, na intensidade de 0,75 ponto. Quando Henrique Meirelles estava à frente do Banco Central, aliás, o termo "parcimonioso" foi usado nas atas para sinalizar que o afrouxamento monetário iria continuar, mas em uma dosagem menor, conforme informaram os jornalistas Fernando Nakagawa e Olívia Bulla, da Agência Estado.

Um dos poucos consensos estampados no mercado de juros pela ata do Copom é a ponderação das apostas. Por enquanto, a curva de juros mostra uma chance maior de a Selic cair até 8,5%, mas ninguém crava se isso ocorrerá já no próximo encontro do BC, em maio, ou de forma gradual. No entanto, para o economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, a "janela de oportunidade" para cortar a Selic está no fim. "Depois, no segundo semestre, é provável que haja uma melhora dos indicadores de atividade e uma piora dos números de inflação. Cortar a Selic nas reuniões a partir de agosto será difícil e pouco provável", afirmou.

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