Diretor do BC diz que vendas de dólares devem continuar neste final de ano
BC continuará a oferecer a venda de dólares no mercado spot conjugada com contratos de swap reverso neste final do ano, quando há maior demanda por liquidez
Reuters
Publicado em 27 de novembro de 2019 às 14h09.
Última atualização em 27 de novembro de 2019 às 14h09.
São Paulo — O diretor de Política Monetária do Banco Central , Bruno Serra, afirmou nesta quarta-feira que a autoridade monetária deve continuar a oferecer a venda de dólares no mercado spot conjugada com contratos de swap reverso neste final do ano, quando sazonalmente há maior demanda por liquidez, mas destacou que "uma hora a gente vai ter que interromper isso".
"Em algum momento a gente vai ter que ver como o mercado volta a funcionar sem o instrumento, acho que é saudável", afirmou Serra durante evento da Apimec (associação de profissionais do mercado de capitais), em São Paulo. "A gente vai ter que avaliar ao longo do tempo qual vai ser o momento adequado."
O diretor acrescentou que intervenções pontuais em venda de dólares no mercado à vista e vendas "de futuro" (swap) "seguem na mesa como instrumentos que também vão ser usados quando o mercado tiver mau funcionamento".
Serra reforçou discurso feito pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na véspera, dizendo que as atuações do BC não visam uma meta para a taxa de câmbio.
"O dever do Banco Central é prover liquidez quando o mercado estiver dando sinais de mau funcionamento", afirmou Serra.
Na terça-feira, Campos Neto reforçou que o câmbio é flutuante e que o BC age apenas em caso de problemas de liquidez ou para atenuar movimentos que estão fora do padrão normal.
Inflação
Ao comentar o aumento recente da expectativa do mercado para a inflação em 2019, Serra afirmou que o movimento refletiu a alta do preço da carne. Ele associou a alta ao aumento das importações chinesas e descartou preocupações com o que chamou de choque de oferta altista para a inflação.
"Se a gente pudesse escolher um momento bom para ter um choque desses acho que a gente escolheria exatamente este (momento)", afirmou o diretor. Serra frisou que a inflação está no menor patamar em 20 anos e também reforçou que as expectativas de inflação para 2020 e 2021, que estão no horizonte relevante para a política monetária, não sofreram alterações.
O mercado elevou a projeção para o IPCA em 2019 para 3,46%, segundo mediana na última pesquisa Focus. Na pesquisa anterior, a estimativa era de inflação de 3,33% para este ano.