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Direcional: R$ 1,2 bi em lançamentos e redução de custo trarão novo fôlego na bolsa

Em entrevista à EXAME Invest, Ricardo Ribeiro, presidente da construtora destacou o bom momento da companhia este ano

Ricardo Ribeiro: "Hoje, sem dúvida, é o melhor cenário de custo dos últimos dois anos", diz CEO do Grupo Direcional (Direcional/Divulgação)

Ricardo Ribeiro: "Hoje, sem dúvida, é o melhor cenário de custo dos últimos dois anos", diz CEO do Grupo Direcional (Direcional/Divulgação)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 19 de outubro de 2022 às 09h40.

Com alta de 30% acumulada na bolsa, a Direcional (DIRR3) acumula valorização de 570 milhões de reais em valor de mercado somente este ano. Os papéis da companhia foram um dos que surfaram o bom momento do setor na bolsa após as mudanças anunciadas no Programa Casa Verde e Amarela. Atualmente, cerca de 70% dos negócios da construtora são voltados para este segmento de moradia popular. Os outros 30% são voltados para público de média classe média, por meio da marca Riva.

Em entrevista à EXAME Invest, Ricardo Ribeiro, presidente do Grupo Direcional, afirmou que o cenário é promissor após os ajustes feitos no Casa Verde e Amarela, segmento que utiliza o funding do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Foram ajustes muito bem pensados. Sem preocupação de ser algo pontual, que vai muito bem por um período e depois não tem mais condições de ter continuidade. Foram pensados com uma visão de longo prazo.” Ele afirma que o modelo do programa tem se mostrado vitorioso desde 2009. “É um programa de referência e já passou pelo governo Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro.”

O segmento foi penalizado nos últimos anos devido ao custo da construção civil, que disparam com à pandemia, alta das commodities e do câmbio, Guerra na Ucrânia, entre outros. A habitação popular sofreu ainda mais porque o subsídio oferecido pelo governo também estava defasado. Ribeiro explica que o custo é muito relevante para o setor, pois não é possível mexer no preço do empreendimento, pois impactaria diretamente na demanda do consumidor. Com a queda do custo da construção civil, o cenário ficou ainda melhor. “Com a queda do diesel e do preço da matéria-prima. Hoje, sem dúvida, é o melhor cenário de custo dos últimos dois anos.”

Novas mudanças

Para dar uma ajudinha extra às construtoras, na tarde da última terça-feira, 18, o Conselho Curador do FGTS aprovou o aumento de R$ 1 bilhão em subsídios para o Casa Verde e Amarela, totalizando R$ 9,5 bilhões para o orçamento Ministério do Desenvolvimento Regional. Além disso, o Conselho aprovou o uso de depósitos futuros do FGTS em prestações de financiamento imobiliário. A medida pode ser aplicada para famílias que estão no Grupo 1 do Programa Casa Verde e Amarela, ou seja, com renda mensal até R$ 2,4 mil. Os depósitos ficam retidos com o agente financeiro até o abatimento do valor caucionado.

Para Ribeiro, a medida anunciada trará mais capacidade de compra para aos consumidores. “O pagamento será da própria renda decorrente do salário e acrescida dos 8%, que é o montante pago mensalmente pelo FGTS ao trabalhador. Este ponto é super relevante.”

O executivo acredita que as medidas anunciadas, juntamente com a redução da taxa de juro e o prazo de financiamento, incluírão milhares de consumidores ao programa nos próximos anos. “A redução do juro é o mais representativo na capacidade de compra para o cliente. Todos os benefícios do programa são voltados para o comprador e o cliente escolhe de qual empresa ele comprará o imóvel. Isso faz o programa ser pulverizado e organizado. Existe uma enorme concorrência. E as empresas têm que se reinventar o tempo todo. O que é muito positivo.”

Recorde de lançamentos

Na semana passada, a companhia deu início à divulgação das prévias operacionais e os números agradaram os investidores. No terceiro trimestre deste ano, construtora e incorporadora teve recorde de lançamentos, chegando em 1,2 bilhão de reais, um aumento de 10% sobre o mesmo período do ano passado e alta de 50% em relação ao segundo trimestre deste ano. Além disso, registrou o melhor trimestre de vendas líquidas, chegando a R$ 847 milhões, um crescimento de 32% sobre o mesmo período do ano passado.

Os analistas do Credit Suisse afirmaram estar confiantes que a companhia está no ‘caminho certo’ para alcançar ROE (Return on Equity) acima de 20%. Disseram ainda que a Direcional está bem posicionada no segmento de baixa renda e bem posicionada para ganhar market share. Com isso, a classificação é de Outperform e o preço-alvo dos papéis é de R$ 21. Na tarde da última terça-feira, 18, as ações fecharam o pregão em R$ 16,68.

Os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) também recomendam a compra das ações da companhia e estimam preço-alvo de R$ 18 por ação. Em relatório divulgado, a equipe de analistas do banco destacou a empresa está sendo negociada a 1,9x P/VP (preço/valor patrimonial) após o ‘forte rali na bolsa.’ Eles destacaram ainda que a Direcional lançou 11 projetos no valor próximo a R$ 1,19 bilhão e a composição dos lançamentos: foi de R$ 640 milhões no programa habitacional Casa Verde Amarela e R$ 549 milhões sob a marca Riva.

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