O presidente Jair Bolsonaro: declarações sucessivas sobre a política de preços de combustíveis da Petrobras (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2021 às 20h04.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2021 às 13h29.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve abrir uma investigação sobre as declarações de troca do comando da Petrobras (PETR3; PETR4) dadas na quinta-feira, 18 -- ou seja, um dia antes do anúncio oficial --, pelo presidente Jair Bolsonaro, disse à Reuters uma fonte a par do assunto.
"A área técnica deve abrir um processo administrativo", disse a fonte sob condição de anonimato, porque o assunto é sigiloso. A abertura deve ser oficializada já nesta segunda-feira, 22.
A autarquia informou que "não comenta casos específicos". “A CVM acompanha e analisa informações e movimentações envolvendo companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário", afirmou.
Em um post nas redes sociais na sexta-feira à noite, Bolsonaro anunciou que o governo decidiu indicar o general Joaquim Silva e Luna para assumir os cargos de conselheiro e presidente da Petrobras, o que vai significar o encerramento do ciclo do atual presidente da companhia, Roberto Castello Branco.
Um dia antes, durante sua transmissão semanal ao vivo pelo Facebook, após a companhia ter anunciado um reajuste da companhia nos valores dos combustíveis, Bolsonaro reclamou da gestão da companhia.
Além disso, prometeu mudanças na estatal, reagindo a comentários feitos em janeiro por Castello Branco sobre a situação dos caminhoneiros, que têm ameaçado entrar em greve por causa dos valores do diesel, alegando que não era um problema da companhia.
Como desdobramento, as ações da petrolífera de controle estatal tiveram forte volatilidade na sexta-feira e encerraram com quedas de 7,92% nos papéis ordinários (PETR3) e de 6,63% nos preferenciais (PETR4), representando a maior queda para as ações ordinárias desde março de 2020.
A Petrobras informou em nota que recebeu ofício do Ministério de Minas e Energia pedindo convocação de uma assembleia-geral extraordinária para votar a proposta de substituir Castello Branco por Silva e Luna como conselheiro e presidente-executivo.