Cosan: empresa ressalta critérios ESG considerados na compra de participação minoritária da Vale (Paulo Altafin/Cosan/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 20 de outubro de 2022 às 20h29.
Última atualização em 20 de outubro de 2022 às 21h05.
A Cosan, depois de pegar o mercado de surpresa com o investimento na Vale e explicar, repetidas vezes, por que fez a transação e como ela está estruturada, veio ao mercado novamente nesta quinta-feira (20) por meio de carta, defender os aportes na mineradora.
De acordo com o documento, a companhia afirma receber questionamentos do mercado em relação a três pontos principais: ao racional que motivou a decisão, ao impacto da estrutura financeira sobre o endividamento da companhia e os compromissos com questões ESG. Foi este último ponto o principal motivador para o documento enviado hoje.
A Vale, como se sabe, é acionista da Samarco, junto com a BHP. Os desastres em Mariana e Brumadinho, ocorridos em 2018, ainda estavam na cabeça dos investidores quando a Cosan anunciou o investimento e citou questões relacionadas à sustentabilidade. Para esclarecer esse ponto, a holding afirma, na carta:
"As duas tragédias trouxeram duras lições à Vale. E a empresa reagiu com mudanças na administração, na cultura corporativa, dando maior ênfase em pessoas e segurança, e na governança, com a entrada no novo mercado na B3 como a maior corporation do Brasil. Tudo na direção de redução de riscos, estabilização das operações e avanços nos compromissos para uma mineração mais sustentável".
Em seguida, a Cosan volta a reforçar que a Vale tem o melhor minério de ferro do mundo e que as reservas de metais básicos são promissoras, o que a torna um ativo chave para a transição energética global e descarbonização. "A Vale não pode ficar isolada em função do que ocorreu", escreve a Cosan.
No documento, a companhia ainda ressalta que passou por uma completa transformação ao longo dos últimos 15 anos e ressalta que sempre fez movimentos e aquisições ousadas, que, inicialmente, não foram bem compreendidas.
A compra da Esso, em 2008, a incorporação da Nova América, no ano seguinte, e até a própria formação da Raízen, em 2011, são alguns dos pontos mencionados pela companhia. A mais complexa de todas, entretanto, foi a fusão ALL-RUMO, que tem mostrado resultados desde 2015, com crescimento do Ebitda em quase três vezes.
"Neste momento, em que a Vale está executando a nova estratégia, com princípios alinhados ao que acreditamos, que tomamos a decisão de investir na empresa para apoiar a administração nessa jornada", diz a Cosan.
A companhia finaliza a carta ressaltando que o apoio dos acionistas, principalmente os mais engajados em questões sociais e ambientais, é fundamental para a empresa contribuir com a Vale e com a administração.