Copa e Olimpíada impulsionam Odebrecht em mercado de dívida
Rendimento de títulos com vencimento em 2020 da empresa caiu 0,4%
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2010 às 07h26.
Nova York/São Paulo - Os investimentos em infraestrutura programados para a Copa do Mundo e a Olimpíada estão ajudando a Odebrecht SA a ganhar de outras empresas brasileiras no mercado de renda fixa este ano.
O rendimento dos títulos da Odebrecht com vencimento em 2020 caiu 40 pontos-base, ou 0,4 ponto percentual, nos últimos 30 dias. A queda é maior do que a média de 17 pontos-base para títulos de empresas brasileiras, acompanhados pelo índice CEMBI do JPMorgan Chase & Co. Quanto menor o rendimento, maior o valor dos papéis.
A Odebrecht Óleo e Gás, unidade da maior empresa de engenharia e construção da América Latina, planeja captar US$ 1,5 bilhão no exterior este ano, que seria a maior emissão de bônus de uma empresa brasileira desde outubro de 2009, quando a Petróleo Brasileiro SA emitiu US$ 2,5 bilhões, de acordo com dados da Bloomberg.
A Odebrecht deve se beneficiar do plano do governo de investir R$ 955 bilhões em sistemas de transporte urbano, saneamento, habitação e energia como parte dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. A presidente eleita, Dilma Rousseff, prometeu na campanha investir em estradas, portos, ferrovias e na rede de energia do País para acelerar o crescimento da economia.
“A Odebrecht é uma das maiores empresas de construção no País e está bem posicionada para aproveitar tudo o que vai acontecer”, disse Natalia Corfield, analista de dívida corporativa no ING Groep INV em Nova York. “O próprio setor vai passar por uma grande expansão nos próximos anos.”
Os títulos da Odebrecht de cupom 7 por cento também estão à frente da dívida corporativa de mercados emergentes, que registrou queda de 9 pontos-base no rendimento no último mês, de acordo com o JPMorgan. A taxa dos bônus corporativos de rendimento elevado e grau de investimento nos Estados Unidos caiu 13 pontos-base no mesmo período, segundo índices do Bank of America Merrill Lynch.
Notas de crédito
A perspectiva de melhora na classificação de risco e o rendimento mais elevado do que o de outras empresas equivalentes sugerem que os títulos da Odebrecht têm mais espaço para valorização, afirmou Corfield, que recomenda que os investidores comprem os papéis da companhia. A Standard & Poor’s pode aumentar a nota de crédito da empresa em um nível, para BB+, antes do fim do ano, disse ela.
Reginaldo Takara, analista da S&P em São Paulo, não respondeu a uma solicitação de comentário para esta reportagem.
Com rendimento de 5,54 por cento, as notas da Odebrecht pagam 37 pontos-base a mais do que os títulos com prazo de 10 anos emitidos pela Cia Siderúrgica Nacional SA, terceira maior fabricante de aço do País. As duas empresas têm nota de crédito BBB-, o menor grau de investimento, pela Fitch Ratings.
“Esses caras terão muito negócio pela frente”, disse Edgardo Sternberg, estrategista de dívida de mercados emergentes da Loomis Sayles & Co. em Boston, que administra cerca de US$ 140 bilhões em ativos. “Quando você compra construtoras, siderúrgicas e empresas de cimento, você compra crescimento. O tema é crescimento.”
Os projetos da Odebrecht na Venezuela e na África também estão ajudando a atrair investidores para os bônus da companhia, disse Jayme Fonseca, diretor financeiro da unidade de engenharia e construção da empresa. O grupo tem contratos para construir uma rede de eletricidade na Venezuela e um sistema para exploração mineral na África para Vale SA e ArcelorMittal.