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Como deixar o insider trader no chinelo

Seguir estratégias e analisar os investimentos pode fazer do investidor “bem relacionado” um tolo; e pior, na cadeia não há home broker

Rajaratnam teve a informação antes, mas lucrou menos do que o investidor que apenas seguiu o guru Buffett (Eric Francis/Getty Images)

Rajaratnam teve a informação antes, mas lucrou menos do que o investidor que apenas seguiu o guru Buffett (Eric Francis/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2011 às 18h31.

São Paulo – Como todos os casos de insider trading no mundo, o do fundo de investimentos Galleon revela, conforme as investigações se aprofundam, as operações realizadas com base em informações ainda não publicadas para os investidores comuns. Na semana passada, um dos negócios feitos por Raj Rajaratnam, co-fundador do fundo, mostra que até a empresa de Warren Buffett, a Berkshire Hathaway, esteve ligada a parte dos lucros conseguidos pela Galleon de forma ilegal.

No meio da crise financeira ao final de 2008, em um movimento inesperado pelo mercado (ou por parte dele, já que o Galleon teve a informação em primeira mão) Buffett comprou 5 bilhões de dólares em ações do Goldman Sachs. A notícia fez com que as ações do banco disparassem na bolsa de Nova York. Era, afinal, o voto de confiança do mais respeitado investidor do mundo. O fato é que Rajaratnam já sabia disso e comprou as ações antes do anúncio e as vendeu logo depois. O lucro fácil e rápido chegou a 900 mil dólares.

Segundo a SEC (Securities and Exchange Commission, similar à CVM), o então funcionário do Goldman Sachs, Rajat K. Gupta teria vazado a informação da iminência do investimento a ser realizado por Buffett a Rajaratnam. O que enfurece os investidores comuns em casos como esse é a sensação de que é apenas muito bem informado – leia-se nesse caso “muito bem relacionado” – que se consegue acertar em cheio um investimento que possa trazer um grande e rápido retorno.

Mas não é bem assim. É o que mostra coluna recente de James B. Stewart,da SmartMoney, publicada neste sábado (5) no Wall Street Journal. Segundo Stewart, apenas seguir as informações publicadas ao mercado poderia deixar o insider trader no chinelo e fazê-lo parecer um tolo. Segundo a SEC, depois de conversar com Gupta em 23 de setembro de 2008, Rajaratnam comprou 295 mil ações do Goldman. As ações encerraram o pregão daquele dia cotadas a 125 dólares.

No dia seguinte, depois do anúncio do investimento de Buffett, as ações do Goldman saltaram para 133 dólares e o Galleon se desfez da posição, ganhando os 900 mil dólares. Na semana passada, as ações do Goldman estavam cotadas a 165 dólares por ação. Ou seja, se Rajaratnam tivesse comprado os papéis a 133 dólares, com base apenas na informação divulgada ao público, hoje poderia ter um lucro dez vezes maior, cerca de 9,6 milhões de dólares.

Com isso, Stewart tenta mostrar para os investidores comuns que não é impossível conseguir grandes lucros sem apelar para informações privilegiadas. Saber entender e analisar as informações divulgadas ao público, e todas as alternativas de investimentos, é uma arma poderosa que está nas mãos de todos. Além disso, o insider trading também é proibido no Brasil. E não há home broker na cela de uma cadeia.

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