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Com reviravolta na Oi, ações disparam; Vivo e TIM têm as maiores baixas

Possível conclusão da venda do negócio de telefonia móvel da Oi para a Highline poderia acelerar aprovações junto a órgãos concorrenciais

Papéis da Vivo tiveram uma das maiores quedas da B3 (Nacho Doce/Reuters)

Papéis da Vivo tiveram uma das maiores quedas da B3 (Nacho Doce/Reuters)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 23 de julho de 2020 às 11h36.

Última atualização em 23 de julho de 2020 às 11h44.

O mercado não contava com a oferta da Highline, controlada pelo fundo americano Digital Colony, pelo negócio de telefonia móvel da Oi. O movimento ocorre após Claro, Vivo e TIM realizarem uma oferta conjunta pelo grupo de ativos da operadora na semana passada. Com isso, as ações da Oi dispararam 19,40% na abertura do pregão da B3 nesta quinta-feira, 23, ao passo que os papéis da TIM e da Vivo têm a maior queda nesta manhã.

A Highline já havia feito, nesta semana, uma proposta para comprar a unidade de torres da Oi, outro ativo da companhia à venda, por 1,076 bilhão de reais.

Por volta das 11h, TIM recuava 5,7% e, Vivo, 2,7%. "As duas empresas saem perdedoras neste processo. Com a entrada de um novo concorrente no mercado, TIM e Vivo perdem um ativo que poderia gerar boas sinergias", afirma Bruno Lima, especialista em renda variável da EXAME Research.

Segundo ele, o valor gerado pela possível conclusão da venda dos ativos da Oi teria como consequência a redução da dívida da operadora. "Como resultado, projetamos 1,80 real por ação como um valor justo para a Oi", acrescenta.

Para Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura Corretora, a oferta da Highline deve movimentar o mercado. "As teles ensaiaram para levar o negócio da Oi, mas foram pegas de surpresa, o que só mostra que existe uma demanda no mercado."

Ele lembra que, durante a pandemia, as empresas do setor foram beneficiadas pelo aumento da demanda por parte do consumidor final, o que deve equilibrar a ligeira queda verificada na telefonia comercial.

"Ainda é cedo para tirarmos qualquer tipo de conclusão, mas essa oferta, se concretizada, pode reorganizar o setor e elevar a concorrência, o que é bom para o consumidor final, não para as concorrentes", diz Silveira.

Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, pondera que a oferta por parte da Highline é positiva para a Oi não só porque veio acima dos 15 bilhões de reais mínimos estimados pelo mercado, mas porque pode acelerar a aprovação por parte de órgãos concorrenciais.

"Existia uma preocupação no mercado de que a compra dos ativos da Oi pela Claro, TIM e Vivo teria resistência por parte de órgãos antitruste, mas com a oferta da Highline o processo pode ser mais rápido, o que é muito importante para uma empresa que precisa urgentemente de desalavancagem."

A Oi é uma das maiores operadoras de telefonia do país, com 35 milhões de clientes. A crise na empresa começou em meados de junho de 2016, quando ela entrou com pedido de recuperação judicial, diante de uma dívida de 65 bilhões de reais.

A Highline ganhou o direito de negociar exclusivamente com a Oi por seu negócio de telefonia móvel, provavelmente por ter dado um lance

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