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Ibovespa cai com temores sobre 2ª onda; CSN dispara 5,7% antes de balanço

Dados econômicos saem piores do que o esperado e aumentam incertezas sobre recuperação econômica

Londres: cidade adotou medidas de isolamento mais duras (Henry Nicholls/Reuters)

Londres: cidade adotou medidas de isolamento mais duras (Henry Nicholls/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 15 de outubro de 2020 às 10h23.

Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 17h28.

O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 0,28%, em 99.054,06 pontos nesta quinta-feira, 15. Ainda que tenha encerrado o dia no vermelho, o clima no mercado financeiro foi de alívio, tendo em vista que se desenhava um cenário ainda mais caótico nos primeiros minutos de pregão, quando todas as ações do índice chegaram a operar com desvalorização.

No radar dos investidores, estiveram as preocupações sobre novas mediadas de isolamento na Europa, que vive a segunda onda de contaminação por coronavírus, e os impasses para a aprovação de um novo pacote de estímulo nos Estados Unidos. Mas, pelo menos no mercado local, a alta das ações da JBS e a esperança de que os resultados do terceiro trimestre saiam melhores do que o esperado contribuíram para a recuperação do Ibovespa ao longo do dia. No agenda econômica, estiveram dados americanos de pedidos de auxílio desemprego e o IBC-Br de agosto, que vieram piores do que as expectativas, mas não exerceram grande pressão sobre os mercados.

JBS

Apesar do clima tenso no mercado, as ações da JBS subiram 4,28% e impediram uma queda maior do Ibovespa. No último pregão, o ativo disparou cerca de 9%, após a empresa anunciar um acordo de cerca de 150 milhões de dólares com a Justiça americana que a acaba com as exposição criminal da empresa no país. No mercado, o acordo foi encarada como favorável, já que elimina um risco ligado à companhia.

CSN e expectativa sobre resultados

Com otimismo sobre o resultado da companhia, que será divulgado após o encerramento deste pregão, as ações da CSN avançaram 5,71%. Com a responsabilidade de abrir a temporada brasileira de balanços do terceiro trimestre, a siderúrgica deve apresentar ganhos significativos com sua frente de mineração, beneficiada pelo preço do minério de ferro. No setor, os papéis da Usiminas e Gerdau também apresentaram valorizações acentuadas, subindo 6,06% e 2,53%, respectivamente.

"Antes do resultado já se tem alguma ideia do que vai vir. Então, começam as apostas e o papel acaba sendo puxado. Uma expectativa de resultado bom para a CSN também traz algum otimismo para a Usiminas e Gerdau", comenta Pedro Lang, diretor de renda variável do Valor Investimentos.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos ressalta ainda que a expectativa sobre os resultados do terceiro trimestre é positiva. "Vai ser o primeiro  trimestre de empresas reportando resultado com os juros nas mínimas e o real muito desvalorizado. A maioria das casas vem revisando estimativa de PIB para cima é esperado que o saldo das empresas saia melhor também", comenta.

Petróleo

Com temores de que a segunda onda de coronavírus pressione a demanda por  petróleo as ações da PetroRio lideraram as perdas da sessão, com queda de 5,60%. Já os papéis da Petrobras recuaram 1,10%. Também entre as maiores quedas ficaram as ações da BR Distribuidora, que caiu 1,6%. No mercado internacional, o petróleo brent e o WTI se recuperaram das perdas, que chegaram a tocar 3%, mas se mantiveram no campo negativo.

Construtoras

Na contramão do setor petrolífero, o de construção civil vive um dos melhores momentos dos últimos tempos. Depois de MRV apresentar recordes de vendas no terceiro trimestre, foi a vez da construtora Cury conseguir o feito ao registrar as vendas líquidas de 410,3 milhões de reais no período.  O montante, apresentado em prévia operacional, superou em 57,2% o registrado no mesmo período do ano passado. Na bolsa, os papéis da Cury caído pouco menos de 1%, seus resultados serviram para impulsionar outras ações do setor, como as da MRV, EZTec e Cyrela, que sobem 2,77% 1,8% e 1,08%, respectivamente.

Segunda onda

O aumento do número de casos de coronavírus na França levou o governo a declarar estado de emergência com toque de recolher obrigatório em grandes cidades, incluindo Paris. Em Londres, onde os casos vêm crescendo de forma exponencial, o nível de alerta mudou de médio para alto e reuniões em locais fechados foram proibidos. “Sabemos desde o primeiro pico que a infecção pode se espalhar rapidamente e colocar uma enorme pressão no Sistema Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), então devemos agir agora para evitar a necessidade de medidas mais duras no futuro”, disse o ministro da Saúde, Matt Hancock.

Com as preocupações sobre os efeitos de uma segunda onda na economia do continente, o índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 2,08%. Os destaques negativos ficaram com as bolsas de Milão e Frankfurt, que tiveram respectivas quedas de 2,77% e 2,49%.

Dados Econômicos

Divulgado nesta manhã, os dados de pedidos de seguro desemprego nos Estados Unidos saíram piores do que o esperado e contribuem para o clima de pessimismo no mercado. Na semana, foram registrados 898.000 pedidos, superando as estimativas de 825.000. A quantidade foi a maior desde meados de agosto, quando o número ainda estava na casa do milhão. Os dados da semana anterior também foram revisados para cima. No mercado americano, o índice S&P caiu 0,13% e o Nasdaq, 0,47%.

Por aqui, o IBC-Br de agosto apontou para crescimento mensal de 1,06%, contra as estimativas de 1,6%. Embora tenha sido o quarto mês de recuperação consecutivo, a alta foi menor do que a de 2,15% em julho e de 5,32%, em junho. “Ao que tudo indica a velocidade da recuperação irá desacelerar ao longo do segundo semestre”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota.

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