Dólar: "O euro despencou e fortaleceu o dólar no mundo todo. Lá fora as moedas emergentes pioraram muito, tínhamos que acompanhar", disse o operador de câmbio de uma corretora (Andrew Harrer/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 14 de junho de 2018 às 16h35.
Última atualização em 14 de junho de 2018 às 16h37.
São Paulo - O dólar disparava nesta quinta-feira, tendo encostado no patamar de 3,80 reais na máxima do dia, influenciado pelo mau humor nos mercados externos, após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar que vai acabar com seu programa de compras de títulos, mas que isso não significava juros maiores no curto prazo.
O mercado local também era pressionado pela perspectiva de que está chegando ao fim o plano do Banco Central de intervir mais pesado até o fim dessa semana.
Às 15:40, o dólar avançava 1,70 por cento, a 3,7770 reais na venda, depois de ter tocado a máxima de 3,7953 reais, com alta de mais de 2 por cento. O dólar futuro tinha queda de cerca de 1,40 por cento.
"O euro despencou e fortaleceu o dólar no mundo todo. Lá fora as moedas emergentes pioraram muito, tínhamos que acompanhar", comentou o operador de câmbio de uma corretora local.
O euro caía mais de 1,5 por cento ante o dólar nesta sessão, após o BCE decidir manter as taxas de juros em baixas recordes até o verão de 2019 no hemisfério Norte e estender seu enorme programa de compra de títulos até o final deste ano, embora vá reduzir o volume de compras a partir de outubro.
A decisão do BCE de prolongar o estímulo monetário veio em meio a preocupações com a desaceleração do crescimento na zona do euro, a turbulência política na Itália e as tensões comerciais globais, disseram analistas.
A decisão do banco europeu vem um dia depois de o Federal Reserve, banco central norte-americano, ter anunciado que pretende elevar os juros quatro vezes neste ano, ambas decisões com implicações sobre o fluxo global de recursos e impacto sobre países emergentes, como o Brasil.
Com a fraqueza do euro, o dólar subia mais de 1 por cento ante uma cesta de moedas e avançava ante as divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano, devolvendo as quedas de mais cedo.
Os profissionais das mesas de operações no Brasil citavam que contribuía ainda para reforçar o salto do dólar ante o real a proximidade do fim do lote de 20 bilhões de dólares em swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- que o BC sinalizou que injetaria no mercado até esta semana.
"O estoque do BC está acabando. Voltou a especulação, o mercado está chamando o BC, quer saber o que ele vai fazer", comentou o gerente de câmbio da corretora Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
Nesta sessão, a autoridade fez três leilões de swaps, somando desde a sexta-feira passada até agora 18 bilhões de dólares. O último leilão do dia, de 20 mil contratos, foi realizado no meio da tarde, quando o dólar disparava ao redor do mundo.
Na véspera, especialistas consultados pela Reuters avaliaram que a atuação mais firme do BC deve cumprir o prazo dado pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, e terminar nesta sexta-feira, o que não queria dizer que a autoridade deixará o mercado à deriva.
Ilan também disse na semana passada que, se fosse necessário, o BC continuaria atuando no mercado, inclusive com outros instrumentos.
O BC vendeu ainda nesta sessão a oferta integral de até 8.800 swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, para rolagem, já somando 4,4 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, fará rolagem integral.