Elon Musk (picture alliance / Colaborador/Getty Images)
Elon Musk apresentou nesta quinta-feira uma proposta formal para adquirir 100% das ações do Twitter (TWTR34) por US$ 54,2 por ação. Uma operação que teria um valor total de US$ 43 bilhões.
Em carta enviada a SEC, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), dos Estados Unidos, Musk escreveu que investiu no Twitter pois acredita “em seu potencial de ser a plataforma para a liberdade de expressão em todo o mundo” e que “a liberdade de expressão é um imperativo social para uma democracia em funcionamento”.
“No entanto, desde que fiz meu investimento, agora percebo que a empresa não prosperará nem atenderá a esse imperativo social em sua forma atual. O Twitter precisa ser transformado em uma empresa de capital fechado”, salientou Musk.
A história da entrada de Musk no Twitter está cheia de reviravoltas, armadilhas e estratégias evasivas.
Uma verdadeira novela cujo epílogo poderá ser definido em breve, com Tesla (TSLA34) se apresentando concretamente para comprar a rede social.
Musk demonstrou ter ideias diferentes do fundador do Twitter, Jack Dorsey, assim como de seu atual CEO, Parag Agrawal.
Isso ficou claro nos últimos dias, especialmente após a compra de 9,2% da empresa por US$ 2,9 bilhões, que fez de Musk o maior acionista individual do Twitter.
Com esse pacote de ações, Musk teria direito de se juntar ao Conselho de Administração da rede social. Mas, surpreendentemente, isso não ocorreu.
Um passo para trás que muitos analistas consideraram ligado aos desacordos sobre o rumo do Twitter entre Musk e a atual gestão e grupo de controle da empresa.
Entretanto, a verdadeira razão da recusa de Musk de integrar o Conselho seria a vontade de não se limitar nas compras de mais ações do Twitter.
Como membro do conselho, Musk poderia adquirir no máximo 14,9% das ações. Juntar-se ao órgão, portanto, significaria bloquear suas ambições expansionistas.
Talvez também por isso o CEO e o fundador do Twitter tenham apoiado imediatamente a ideia de englobar Musk no Conselho. Chegando a lhe dar as boas vindas públicas, e sendo forçados a se retratar poucas horas depois.
Para Agrawal e Dorsey, seria melhor ter Musk dentro do Conselho, e mantê-lo sob controle, do que fora, e permitir que adquirisse o controle da empresa.
Isso pois estamos falando do homem mais rico do mundo, com um patrimônio em US$ 250 bilhões à sua disposição.
E com uma série de bancos "pesos pesados", como Goldman Sachs, Barclays e Citigroup, que já trabalham para a Tesla e para a Space X, e que o ajudarão nessa operação.
Para Musk, comprar o Twitter pode ser um capricho, mas também uma operação altamente estratégia.
O CEO da Tesla sempre usou intensamente a plataforma, e comunica praticamente diariamente por meio de tweets.
E essa estratégia teve sucesso, e hoje conta com 80 milhões de seguidores, sendo um dos perfis mais seguidos do mundo.
Muitas vezes seus tweets tiveram impactos significativos no mundo das finanças (especialmente no das criptomoedas).
O Twitter, por sua autoridade e história, continua sendo uma rede social muito sólida.
O único que permaneceu na crista da onda em todos esses anos, ao lado dos gigantes de Mark Zuckerberg: Facebook, Instagram e WhatsApp.
Além disso, em comparação com outras redes sociais, parece ter menos problemas em termos de privacidade do usuário e impacto nas gerações mais jovens.
Sem esquecer que parece ser uma plataforma mais adequada para qualquer forma de assinatura.
O problema é que a aquisição poderia ser mais complicada do que o esperado.
Se, por um lado, o Twitter não possui uma estrutura acionária de classe dupla, diferente de muitas grandes empresas de tecnologia. O que facilita a tomada do controle para quem comprar a maioria das ações.
Por outro, o Conselho de Administração da rede social poderia não aprovar o acordo.
O órgão já informou que "examinará cuidadosamente a proposta para determinar o curso de ação que acredita ser o melhor interesse da empresa e de todos os acionistas do Twitter".
É claro que existe a possibilidade de o acordo não ser aprovado.
Neste caso, Musk anunciou que venderá sua participação de 9,2%.
Se isso acontecer, provavelmente usará um banco para vender ações em "block trade", ou seja todas juntas. E isso poderia derrubar as cotações do papel nas redes sociais.
Musk quer evitar as "pílulas venenosas"
Certamente, com a oferta de compra de 100% do Twitter, Musk parece quer se proteger das chamadas "poison pills", as "pílulas de veneno” bem conhecidas em Wall Street.
Um mecanismo polêmico que impede um acionista de se tornar majoritário no capital de uma empresa colocando uma série de empecilhos que deixam sua escalada mais lenta.
Portanto, a escolha de comprar todo o capital do Twitter se enquadra na estratégia de Musk, que prevê obstáculos e dificuldades provocados por quem não quer que ele se torne o novo dono da rede social. A ver quem será o vencedor dessa batalha.