Warren Buffett e Charlie Munger vão liderar o encontro anual da Berkshire Hathaway neste sábado, 1º de maio, em evento transmitido pela internet a partir de Los Angeles (Daniel Acker/Bloomberg)
Marcelo Sakate
Publicado em 30 de abril de 2021 às 06h27.
Última atualização em 30 de abril de 2021 às 07h16.
O investidor bilionário mais respeitado do mundo, Warren Buffett, 90, anos, estará de volta aos palcos neste sábado, 1º de maio, para liderar o encontro anual de acionistas de sua holding de investimentos, a Berkshire Hathaway. Ao seu lado, o parceiro de seis décadas, Charlie Munger, 97 anos, retornando ao evento depois da ausência excepcional em 2020 por causa da pandemia.
Neste ano, pela segunda vez consecutiva, o encontro conhecido como a "Woodstock dos Capitalistas" será realizado de forma virtual por causa da Covid-19, deixando em casa os mais de 40.000 acionistas presentes em anos anteriores em Omaha. Buffett e Munger estarão em Los Angeles, de onde o evento será transmitido pelo Yahoo! a partir das 13h30 (de Brasília).
É um evento recomendado para quem estiver interessado em aprender com o mais bem-sucedido investidor do último século. Depois de uma apresentação inicial de Buffett e Munger, ambos vão responder por 3h30 as perguntas de acionistas -- no último evento presencial, em 2019, ficaram seis horas nessa parte do evento.
Vale ressaltar que, durante décadas, o encontro não podia sequer ser gravado e acompanhado por quem não era acionista.
A seguir, 5 questões que mais devem atrair as atenções dos acionistas da Berkshire e de investidores em todo o mundo:
Buffett acelerou a recompra de ações da Berkshire ao longo de 2020. Foram 25 bilhões de dólares, dos quais 9 bilhões de dólares em cada um dos dois últimos trimestres do ano. As ações da holding estão em patamar recorde, o que pode indicar que o timing foi o melhor possível. Mas qual foi o racional do investidor a esse respeito?
No ano passado, Buffett revelou alguns movimentos que chamaram a atenção dos investidores: reduziu a sua exposição a um setor em que historicamente acreditou por décadas, a dos bancos. Ele se desfez de toda a fatia que possuía no maior banco americano, o JPMorgan, em reduziu a posição no Wells Fargo, além de outras instituições menores.
Por outro lado, ele fez aquisições na petrolífera Chevron e na empresa de telecomunicações Verizon. Nos momentos mais agudos da pandemia, com os índices de ações com forte queda, Buffett voltou a dizer "nunca aposte contra a América". Quais os setores que, em sua avaliação, estão bem posicionados e com preços atrativos para a retomada?
Como mencionado acima, o bilionário investidor adquiriu uma participação na Chevron no quarto trimestre do ano passado, na contramão de uma tendência de valorização de empresas de energia limpa, dentro da temática ESG.
O fato é que o preço do petróleo disparou neste ano com o avanço da vacinação e a consequente retomada das maiores economias do mundo, o que ajudou a ação da petrolífera a se valorizar 27% no acumulado deste ano. Ainda assim, investidores vão aguardar eventuais manifestações de Buffett sobre empresas aderentes ao ESG.
Com 139 bilhões de dólares em caixa ao fim de 2020, a Berkshire tem fôlego financeiro para fazer aquisições. E isso já há alguns anos. A forte valorização das ações nos últimos 12 meses reduziu o leque de empresas e participações que podem ser consideradas uma barganha, mas o mercado sempre fica de olho nos movimentos da Berkshire.
No ano passado, por exemplo, a holding fez investimentos em cinco dos maiores conglomerados industriais do Japão.
A cada ano que passa, cresce o interesse de acionistas e investidores por saber quem Buffett designará como sucessor no comando da Berkshire. E ficam atentos a cada detalhe ou frase que possa revelar alguma preferência.
Os executivos Greg Abel e Ajit Jain, ambos vice-presidentes do conselho, são apontados como os mais fortes candidatos. O primeiro, que é o head dos negócios (exceto a área de seguros) da holding, é considerado o favorito por alguns analistas especializados.