Broadcom: Donald Trump impediu a mega fusão da companhia com a Qualcomm (Mike Blake/Reuters)
Reuters
Publicado em 12 de julho de 2018 às 18h16.
A oferta surpresa da fabricante de chips Broadcom para comprar a empresa de software CA por 18,9 bilhões de dólares removeu o mesmo montante de seu valor de mercado nesta quinta-feira, com investidores e analistas procurando por uma razão clara para a aquisição.
A Broadcom, que ganhou valor comprando rivais na última década, fechou um acordo na quarta-feira para comprar a empresa de software CA por 44,50 dólares por ação em dinheiro, meses depois do presidente norte-americano, Donald Trump, ter impedido a mega fusão da companhia com a Qualcomm, um negócio de de 117 bilhões de dólares.
Enquanto alguns analistas dizem que a mudança no foco setorial pode ser outro golpe de mestre por parte do presidente-executivo da Broadcom, Hock Tan, muitos levantaram preocupações sobre um acordo que reduz o crescimento da Broadcom de 5 para 3 por cento.
"É a aquisição mais bizarra, desfocada e não estratégica da última década", disse Eric Schiffer, presidente-executivo da Patriarch Organization, uma empresa de private equity.
A famosa ambição do presidente da Broadcom transformou a empresa de uma incipiente fabricante de chips em uma potência global, através de uma série de grandes negócios. O executivo é amplamente respeitado em Wall Street por sua perspicácia empresarial.
O analista da Susquehanna, Christopher Rolland, disse que a incursão na indústria de software pode ter sido motivada pela falta de opções viáveis na indústria de semicondutores e pelo aumento da fiscalização regulatória.
O principal negócio da CA é vender software para grandes computadores mainframe, nos quais perde apenas para a IBM.
Mas, embora esse negócio gere um fluxo de caixa de 10 bilhões de dólares por ano, seu crescimento de receita tem sido estável, à medida que mais clientes escolhem serviços de computação em em nuvem em vez de centrais próprias de processamento de dados.
Após o acordo, a companhia combinada teria aproximadamente 71 por cento de receita em semicondutores e 28 por cento em software.
"Acreditamos que muitos investidores podem não gostar, pelo menos inicialmente, mas isso abre as portas para um novo ângulo da história e melhora ainda mais o potencial de retorno de capital da Broadcom", disse o analista da UBS, Timothy Arcuri.