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Brasil deve manter mix da safra de cana apesar de queda em NY

Na safra 2011/12, as usinas brasileiras registraram um mix de cerca de 48 por cento de cana para a produção de açúcar e 52 por cento para etanol

Canavial no interior paulista: a cana brasileira é um componente essencial para que as biorrefinarias virem realidade (Daniela Toviansky/EXAME.com)

Canavial no interior paulista: a cana brasileira é um componente essencial para que as biorrefinarias virem realidade (Daniela Toviansky/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2012 às 22h46.

São Paulo - A alta do dólar frente ao real e o aumento das fixações antecipadas de preços pelas usinas de cana resultarão em uma estabilidade no mix de produção de açúcar e etanol na safra 2012/13, apesar de a commodity negociada em Nova York ter atingido o menor valor em 21 meses nesta terça-feira.

A avaliação foi feita por especialistas e integrantes da indústria que participaram do seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2012 e 2013, neste terça-feira, no mesmo dia em que o açúcar caiu abaixo de 20 centavos de dólar por libra-peso, o que levantou questionamentos sobre se valeria a pena produzir mais etanol no Brasil.

"O mix deve ficar estável neste ciclo, porque a alta do dólar compensa esta queda dos preços em Nova York", disse Andy Duff, gerente de pesquisas para açúcar e álcool do Rabobank, no intervalo do seminário.

O dólar fechou cotado acima de 2 reais nesta terça-feira, um patamar próximo do maior valor em quase três anos.


Na safra 2011/12, as usinas brasileiras registraram um mix de cerca de 48 por cento de cana para a produção de açúcar e 52 por cento para etanol, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

O Rabobank trabalha com uma estimativa média de preços para o açúcar nesta temporada entre 20 e 21 centavos de dólar por libra-peso, mas ressalva que será preciso acompanhar o clima não só no Brasil como em outros países produtores de açúcar.

Isso porque, diz ele, o mercado vem acompanhando com atenção a possibilidade de ocorrência do fenômeno climático El Niño, que costuma deixar o tempo mais chuvoso no Brasil e tende a deixar o clima mais seco na Índia e Austrália, por exemplo.

Chuvas na colheita podem prejudicar os trabalhos. Além disso, a concentração de sacarose pode ser afetada pela elevada umidade.

Fixações - Além da alta do dólar, o gerente comercial para açúcar e etanol da ADM Brasil, Marco Antônio Rego, ressalta que o grande volume de fixações de preço do açúcar feito antecipadamente por usinas deve garantir o mix.

"Hoje, (esta queda) não impactaria em nada, porque a maior parte das usinas tem a vantagem do dólar e o preço fixado em níveis muito bons", disse Rêgo. "Também tenho dúvidas sobre a capacidade das usinas de decidir num piscar de olhos sobre isso (produzir mais ou menos açúcar que etanol)", acrescentou.

Segundo estimativa da companhia, apresentada durante o seminário, cerca de 75 por cento da produção de açúcar prevista para esta temporada já foi fixada com preços entre 24 e 25 centavos de dólar por libra-peso. Na mesma época do ano passado, diz ele, havia sido fixada apenas 50 por cento da safra.

O reflexo desta manutenção do mix, segundo o executivo da ADM, é que a oferta de açúcar deve ficar no mínimo estável ante à temporada anterior.

O presidente da Bunge, uma das grandes empresas do setor sucroalcooleiro, disse a jornalistas durante o evento que a baixa dos preços também não deve alterar os planos de produção da companhia.

"No momento, estamos observando o mercado, sem nenhuma decisão de mudança de mix", disse Pedro Parente, presidente da Bunge Brasil, a respeito de um possível impacto dos preços na produção de açúcar nesta temporada.

Parente acrescentou que o mix de produção da companhia deve ficar nesta safra em cerca de 60 por cento de açúcar e 40 por cento de etanol.

Segundo ele, das oito plantas da Bunge, sete tem flexibilidade de alterar para produzir mais ou menos açúcar e somente uma é dedicada ao etanol.

Veja análise do Cepea sobre o assunto: (Com reportagem de Gustavo Bonato)

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