Bolsas abrem em queda com novas ondas de contágio do coronavírus
No Brasil, otimismo dos investidores será posto à prova nesta segunda-feira com a notícia da saída de Mansueto Almeida, secretário do Tesouro Nacional
Felipe Giacomelli
Publicado em 15 de junho de 2020 às 06h36.
Última atualização em 15 de junho de 2020 às 06h42.
A euforia das últimas semanas de fato passou nas bolsas do Brasil e do mundo? Ou há espaço para novas levas de alta? Essas são dúvidas que devem nortear as negociações ao longo deste semana. Na sexta-feira, vale lembrar, o Ibovespa caiu 2%, para 92.795 pontos, num dia que foi até de alívio ante previsões de queda de até 6%. Na véspera, os índices americanos S&P 500 e Dow Jones haviam tido as maiores quedas diárias desde março.
Nesta segunda-feira, as bolsas internacionais abriram em forte baixa. O índice de Tóquio fechou em queda de 3,47% e Hong Kong caiu 2,16%. Na Europa, o Stoxx 600 estava em baixa de 1% perto das 7h de Brasília. Os índices futuros de Dow Jones e S&P 500 estavam em queda de mais de 600 pontos às 7h de Brasília.
Mais um vez, as bolsas caem com notícias de novas ondas de contágio da covid-19 e com a perspectiva de uma recuperação mais lenta da economia em países como os Estados Unidos. Também nos EUA segue no radar a instabilidade política gerada pelos protestos contra a violência policial -- o fim de semana teve novas manifestações após mais uma morte de um homem negro por um policial branco, em Atlanta. Estados como Flórida e Texas noticiaram aumento na contaminação após a reabertura pós-quarentena.
Nesta segunda-feira, uma possível boa notícia veio da China: as vendas no varejo caíram apenas 3% em maio, ante 12 meses atrás, num resultado muito melhor que o recuo de 20% em fevereiro. Ainda assim, a notícia de um novo foco de coronavírus em Pequim, cidade que ficou 55 dias sem novos casos, reacendeu o alerta de que a pandemia não ficou para trás.
No Brasil, será dia de ver a reação dos investidores à notícia de que o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, deixará o governo. Mansueto é o fiador da estabilidade fiscal e sua saída pode ser o indício de que a ala gastadora do Centrão está ganhando força. "O mercado pode querer dar o benefício da dúvida que Paulo Guedes vá conseguir colocar um nome relevante alinhado à política fiscal responsável", diz Bruno Lima, especialista em renda variável da Exame Research.
Eis o dilema posto: o otimismo dos investidores seguirá em alta apesar das seguidas notícias ruins do mundo real?