B3: bolsa paulista voltava a registrar fortes perdas (Bruno Rocha/Fotoarena)
Reuters
Publicado em 14 de agosto de 2019 às 10h50.
Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 18h08.
São Paulo — A bolsa paulista registra fortes perdas nesta quarta-feira, chegando a ter a maior queda em mais de 3 anos, mais uma vez contaminada pelo viés externo negativo, notadamente preocupações com o efeito da guerra comercial entre Estados Unidos e China e temores de uma recessão no crescimento global. O índice fechou em queda de 2,94%, a 100.258 pontos.
Investidores também repercutem os últimos resultados da temporada de balanços de empresas brasileiras, entre eles o de Kroton, que ficou abaixo das expectativas de analistas e fazia a ação cair quase 7%.
Às 15:42, o Ibovespa caía 3,08%, a 100.133 pontos. O volume financeiro somava 4,709 bilhões de reais.
Após o tombo de 2% na segunda-feira, o Ibovespa fechou em alta de 1,36% na véspera.
Dados de China e Alemanha trouxeram apreensão sobre o efeito do embate comercial na atividade mundial, com a produção industrial chinesa desacelerando em julho para uma mínima em mais de 17 anos e o PIB alemão encolhendo no segundo trimestre.
Na visão da equipe da corretora Mirae Asset, os números chineses ampliaram as preocupações em relação a uma desaceleração da economia mundial.
Em Washington, por sua vez, o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, disse que não houve concessões da China que motivaram a decisão norte-americana de adiar as tarifas sobre algumas importações chinesas até meados de dezembro. Ele acrescentou que é cedo demais para avaliar a situação das negociações comerciais entre os dois países.
Economistas do Morgan Stanley calculam que o crescimento global desacelere para 2,8% ao ano no final de 2019 se as tarifas anunciadas recentemente entrarem em vigor e permaneça entre 2,8%-3,0% ao ano no primeiro semestre de 2020.
De acordo com a equipe do banco norte-americano, o limiar de uma recessão global é um crescimento de 2,5%, conforme relatório a clientes.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse no mês passado que esperava um crescimento global de 3,2% em 2019 e de 3,5% em 2020.
Na Argentina, outro foco de tensão recente que respingou no pregão brasileiro no começo da semana, o presidente Mauricio Macri anunciou medidas para aliviar a situação econômica após o estresse decorrente do ambiente eleitoral.
- KROTON desabava em torno de 9%, após balanço do segundo trimestre, com resultados aquém das expectativas, bem como aumento na taxa de evasão dos alunos. O grupo reportou lucro líquido ajustado de 266,7 milhões de reais.
- EMBRAER perdia mais de 6%, mesmo após surpreender analistas e fechar o segundo trimestre com lucro líquido de 7,2 milhões de dólares, uma vez que manteve previsão de terminar o ano no vermelho.
- VALE caía acima de 3%, contaminada pelo cenário externo negativo, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China. Papéis de siderúrgicas também sofriam, com CSN recuando 3,2% e USIMINAS PNA perdendo 3,1%.
- PETROBRAS PN recuava mais de 3%, pressionada pelo declínio dos preços do petróleo no mercado externo, após dados econômicos globais fracos e crescimento inesperado nos estoques da commodity nos EUA.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN caíam 1,9% e 2,2%, respectivamente, afetadas pelo viés negativo como um todo, com o setor bancário no vermelho.
- VIA VAREJO subia 1,5%, antes da divulgação do balanço previsto para após o fechamento do mercado, entre os poucos ganhos do Ibovespa na sessão, acompanhada da rival MAGAZINE LUIZA, em alta de 0,2%.
- QUALICORP recuava 2,7%, um dia após divulgar balanço do segundo trimestre com lucro líquido de 110,1 milhões de reais, um aumento de 25% em relação ao obtido em igual etapa de 2018.