SALA DE AULA DA KROTON: investidores têm confiança na fusão da companhia com a Estácio e ações têm maiores altas do dia no Ibovespa / Germano Lüders (Germano Lüders/EXAME/Exame)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2017 às 18h53.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h42.
Incerteza ronda a bolsa
O pregão desta quinta-feira foi marcado pela incerteza política, com investidores vendo como um recuo o movimento do presidente Michel Temer de voltar atrás em propostas da reforma da Previdência. Há um temor de que o governo se torne refém do Congresso na aprovação das próximas reformas. O Ibovespa fechou o dia em queda de 0,85%, aos 64.222 pontos. O dólar avançou 0,99%, para 3,1457 reais, maior nível desde 14 de março, o que impulsionou ações de exportadores, como a fabricante de aviões Embraer, que fechou o dia em alta de 2,37%.
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As quedas
As ações com maior liquidez na bolsa, principalmente commodities e bancos, tiveram quedas no pregão, marcado pela instabilidade na política. As ações da Petrobras tiveram queda de 0,14% nos papéis preferenciais, e de 1,5% nos ordinários, apesar de alta de quase 1% nos preços dos contratos futuros de barril de petróleo. A mineradora Vale teve queda de 2,04% nos papéis preferenciais e de 2% nos ordinários, agravada pela queda de 0,67% nos preços do minério de ferro. Acompanharam o recuo as ações do fundo Bradespar, que controla a Vale, com a queda de 2,86%. Os papéis das siderúrgicas também recuaram: Usiminas, 3,89%; CSN, 1,81%; e Gerdau, 1,88%.
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Dividendos menores
As empresas da bolsa pagaram 67,6 bilhões de reais em dividendos em 2016, redução de cerca de 9,5% em comparação com o ano anterior, quando haviam sido pagos 74,6 bilhões a acionistas. Os dados são da consultoria Economatica, que analisou 255 empresas cujos dados estavam disponíveis para todos os anos. Pelo terceiro ano consecutivo, a fabricante de bebidas Ambev é a que mais distribuiu dividendos, no valor de 10,3% de reais, quase 16% do total distribuído pelas empresas listadas em bolsa.
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Previdência e economia
As mudanças na reforma da Previdência já começam a ecoar no campo econômico. Segundo cálculos do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o governo deixará de economizar até 68 bilhões de reais com o INSS em dez anos com os recuos feitos na proposta original. “Fizemos com rapidez uma projeção e esses tópicos influenciarão, em dez anos, em menos de 10% da previsão de economia”, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo. O governo havia projetado uma economia inicial de 678 bilhões de reais mediante a aprovação do texto original.
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Alívio nas montadoras
As montadoras de veículos fabricaram 18,1% veículos a mais em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Foram produzidas 234.700 unidades no mês, de acordo com dados da associação do setor, Anfavea. Comparada com fevereiro de 2017, a alta foi de 17,1%. No primeiro trimestre, a indústria produziu 609.840 veículos, 24% acima do volume de um ano antes. No início da semana, já havia sido noticiado que as vendas de veículos novos no mês tinham aumentado 5,5%, em relação a março passado.
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Delação da H. Stern
Donos e diretores da joalheria H. Stern fecharam acordo de delação premiada com o Ministério Público sobre o caso de corrupção que seria liderado pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Roberto Stern, presidente da companhia; Ronaldo Stern, vice-presidente; Oscar Luiz Goldemberg, diretor financeiro; e Maria Luiza Trotta, diretora comercial, concordaram em pagar multas no valor de 18,9 milhões de reais, além de prestar serviços à comunidade e emitir notas fiscais de compras feitas por Cabral e por Adriana Ancelmo, ex-primeira-dama do Rio. As acusações levantadas na delação devem servir para iniciar nova denúncia contra Cabral, por lavagem de dinheiro utilizando compra de joias. Cabral e Adriana compraram cerca de 40 peças da H.Stern, num total de 6,3 milhões de reais.
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Fusão a caminho?
As ações das companhias de educação Kroton e Estácio tiveram as maiores altas do Ibovespa. A alta foi motivada pela confiança dos investidores na aprovação da fusão das companhias pelo Cade, conforme apontou reportagem do jornal Valor Econômico. Os motivos para isso são principalmente o fato de a Kroton ter montado uma equipe para defender a fusão perante o Cade, além de as empresas desistirem de tentar barrar a fusão, reveladas por vazamentos de e-mails em que Pedro Thompson, presidente da Estácio, fazia movimentos para barrar o negócio. Os papéis da Kroton subiram 3,38%; e os da Estácio, 3,32%.