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BofA e Citi mostram-se otimistas com a dívida do Brasil

Bancos estão prevendo que os títulos brasileiros se recuperarão da pior queda em mais de uma década


	Cédulas de reais: notas do governo denominadas em reais perderam 13,6 por cento em dólares no ano passado
 (Marcos Santos/usp imagens)

Cédulas de reais: notas do governo denominadas em reais perderam 13,6 por cento em dólares no ano passado (Marcos Santos/usp imagens)

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2014 às 16h21.

O Bank of America Corp. e o Citigroup Inc. estão prevendo que os títulos brasileiros se recuperarão da pior queda em mais de uma década, já que a moeda desvalorizada ajuda a reduzir o déficit em conta corrente do País.

As notas do governo denominadas em reais perderam 13,6 por cento em dólares no ano passado, o maior recuo desde 2002, acima da queda média de 8,5 por cento nos mercados emergentes, segundo o JPMorgan Chase Co., em parte pela preocupação com que o maior déficit em uma década levasse o governo a aumentar as vendas de dívida local. O Bank of America e o Citigroup dizem que neste ano o desempenho dos títulos será superior aos de outros países em desenvolvimento.

O déficit em conta corrente se estreitará em 2014, pois um real desvalorizado ajuda a incentivar as exportações na maior economia da América Latina, aliviando a necessidade do governo de aumentar suas ofertas de dívida para financiar o déficit, disse o estrategista do Bank of America David Beker. O real se desvalorizou 13,2 por cento no ano passado, o maior recuo desde 2008. Os títulos locais também crescerão em 2014 enquanto o Banco Central se prepara para pôr fim aos maiores aumentos de taxas de juros do mundo, segundo o Citigroup.

“Eu espero alguma classe de melhoria na conta corrente, principalmente devido à moeda”, disse Beker em entrevista por telefone de São Paulo. “Estamos com avaliação de alta em relação aos títulos”.

Taxas de juros

Após chegar a 3,71 por cento do PIB, o valor mais alto em uma década, em outubro, o déficit em conta corrente reduziu-se para 3,66 por cento em novembro, a primeira contração em cinco meses. O déficit se estreitará até 2,8 por cento do PIB em 2014, segundo relatórios da JPMorgan e da Barclays Plc. enviados por e-mail.

Em 27 de dezembro, o Ministério da Fazenda informou que aumentou um imposto sobre as transações financeiras de 0,38 para 6,38 por cento para pagamentos realizados com cartões de crédito no exterior, saques de moeda estrangeira e compras de cheques de viagem. O aumento do imposto, que segundo o Ministério engrossará a receita em R$ 552 milhões (US$ 231 milhões) por ano, também ajudará a controlar o déficit em conta corrente, disse Beker, do Bank of America.


Nathan Blanche, sócio na Tendências Consultoria, disse que os esforços do governo para reduzir o déficit não bastarão para impedir um rebaixamento da nota de crédito do Brasil.

‘Direção oposta’

A Standard Poor’s e o Moody’s Investors Service, que rebaixaram a nota do Brasil por última vez em 2002, mencionaram a deterioração das finanças do País quando reduziram suas perspectivas para a nota de crédito do Brasil no ano passado. O Brasil está dois níveis acima do junk, com nota BBB pela S&P e o equivalente da Moody’s, Baa2.

“O Brasil está indo na direção oposta ao restante do mundo”, disse Blanche, da Tendências Consultoria. “Eles não fizeram o suficiente para evitar um rebaixamento”.

Os responsáveis pela política econômica elevaram a meta de taxa de empréstimos em 2,75 pontos porcentuais desde abril, para 10 por cento, a maior alta entre 49 Bancos Centrais acompanhados pela Bloomberg. O Brasil elevará a taxa meio ponto porcentual até o fim de 2014, segundo a mediana de prognósticos de cerca de 100 economistas em uma pesquisa semanal do Banco Central publicada em 30 de dezembro.

O final do ciclo de aumentos das taxas e a redução do déficit em conta corrente que ajuda a estabilizar a moeda atrairão investidores à dívida local do Brasil, disse Dirk Willer, estrategista do Citigroup para mercados locais da América Latina.

“Na verdade, pensamos que os títulos podem superar seu desempenho atual”, disse ele em entrevista por telefone de Nova York. “A conta corrente é crucial para o desempenho da moeda. O melhor momento para o desempenho dos mercados de títulos é quando os ciclos de aumentos chegam ao seu fim”.

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