Bancos podem perder bilhões com fundo e levam tensão às bolsas globais
Credit Suisse e Nomura são os maiores prejudicados com a derrocada do fundo de hedge americano Archegos Capital
Beatriz Quesada
Publicado em 29 de março de 2021 às 08h56.
Última atualização em 29 de março de 2021 às 08h59.
A semana começa com tensão nos mercados globais. As ações de alguns dos maiores bancos do mundo, como o Credit Suisse e o Nomura, recuam perto de 15% nesta segunda-feira, 29, depois que informaram que podem sofrer perdas bilionárias por causa da exposição a um fundo hedge americano em dificuldades, o Archegos Capital.
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O fundo não conseguiu atender à chamada de margem de algumas de suas operações, levando à liquidação antecipada de posições em mais de 20 bilhões de dólares em ações de empresas como a Viacom e a Baidu.
As vendas forçadas da Archegos são consequência das chamadas de margem, as “margin calls”. A margem é o valor exigido como garantia em operações altamente alavancadas, e a “chamada de margem” acontece quando a utilização desse valor atinge um limite, forçando o investidor a colocar mais dinheiro para cobrir o risco do investimento.
Segundo informações da Bloomberg, grande parte da alavancagem usada pela Archegos Capital Management de Hwang foi fornecida por bancos, incluindo Nomura e Credit Suisse -- até o momento os principais prejudicados no caso.
As ações do Nomura, maior banco de investimento do Japão, caíram 16% nesta segunda-feira após a instituição informar o risco de “perda significativa” em sua subsidiária nos Estados Unidos, com prejuízo estimado em torno de 2 bilhões de dólares.
Já o Credit Suisse disse, em nota, que o impacto do prejuízo pode ser “altamente significativo para os resultados do primeiro trimestre”. Segundo o jornal britânico Financial Times, a estimativa é de uma perda para o banco entre 3 e 4 bilhões de dólares. As ações do banco suíço chegaram a recuar 15% com a notícia.
O Morgan Stanley, o Goldman Sachs e o Deutsche Bank também tinham exposição ao Archegos, mas a informação é que de forma mais limitada ou que reduziram na semana passada.
Os papéis do Goldman, a propósito, caíram cerca de 3% no pre-market, mesmo depois de o banco ter dito aos acionistas que quaisquer perdas que enfrente no caso seriam “irrelevantes”.
“Até agora o efeito do episódio no mercado foi relativamente pequeno, atingindo em específico algumas ações. Investidores vão observar a abertura do mercado americano para entender se existem mais posições para serem desovadas desse grande fundo”, afirmou Roberto Attuch, CEO da Ohms Research, em live nesta manhã.