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Atento ao governo, dólar fecha acima de R$ 1,70

Moeda norte-americana fechou com alta de 0,77% nesta sexta-feira (22/10)

Painel da Bovespa: governo voltou a citar Fundo Soberano como forma de frear o dólar (Nilton Fukuda/AGÊNCIA ESTADO)

Painel da Bovespa: governo voltou a citar Fundo Soberano como forma de frear o dólar (Nilton Fukuda/AGÊNCIA ESTADO)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2010 às 16h49.

São Paulo - A incerteza causada pela intervenção frequente do governo empurrou a moeda norte-americana de volta ao patamar de 1,70 real nesta sexta-feira, para o maior nível desde 28 de setembro.

A moeda norte-americana subiu 0,77 por cento, para 1,709 real. Na semana, marcada por um aumento das restrições do governo ao capital especulativo e pela alta do juro na China, o dólar teve valorização de 2,6 por cento.

A alta do dólar foi determinada à tarde, após uma entrevista do secretário do Tesouro, Arno Augustin, à Agência Estado. Ele afirmou que as emissões externas em reais serão frequentes, de olho no câmbio, e voltou a citar que o Fundo Soberano está pronto como uma demonstração extra de força.

Após uma semana em que o governo elevou a 6 por cento o imposto sobre capital estrangeiro em renda fixa, elevou a taxação dos depósitos de margem de garantia na bolsa e vetou operações aos investidores não-residentes com derivativos --como o uso de cartas de fiança--, bastou uma intervenção verbal para pressionar outra vez o dólar.

O estrategista de um banco em São Paulo, que preferiu não ser identificado, citou que, além das medidas do governo, a acomodação do mercado internacional na última semana também ajudou a dar firmeza para a taxa de câmbio.

"O euro chegou a 1,41 dólar e agora ele deu uma segurada, para 1,39", disse, em referência à máxima da moeda europeia desde janeiro, registrada na semana passada.


Estrangeiro compra dólares no mercado futuro

Marc Chandler, da Brown Brothers Harriman, oferece visão parecida sobre a conjuntura global do câmbio. "O ímpeto de baixa do dólar diminuiu, após a moeda cair de forma incansável desde o começo do mês passado... A prudência sugere uma redução das posições vendidas em dólares."

Esse movimento já tem ocorrido no mercado brasileiro, mesclado com a incerteza dos estrangeiros sobre a intervenção do governo. Desde o fim da semana passada, a posição vendida líquida dos investidores não-residentes diminuiu em 25 por cento, ou 4 bilhões de dólares, na BM&FBovespa.

Na visão de José Raymundo de Faria Jr., diretor técnico da Wagner Investimentos, o dólar pode caminhar para 1,75 real caso supere a barreira de 1,72 real. Mas, "enquanto ele estiver abaixo das concentrações de 1,72, ele continua na sua tendência de médio prazo de baixa", afirmou.

Para a próxima semana, a agenda norte-americana deve trazer volatilidade, segundo Faria Jr., com o mercado atento a sinais sobre o provável estímulo monetário a ser anunciado na próxima reunião do Federal Reserve, na semana seguinte.

Além disso, o resultado da reunião do G20, neste fim de semana na Coreia do Sul, será monitorado pelos agentes. De acordo com uma fonte, a China se opõe a uma meta para as contas correntes, conforme sugerido pelos Estados Unidos.

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