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Aposta em bolsas emergentes se mantém mesmo após rali de 2017

Embora as cotações não estejam tão atraentes quanto no início do ano, o crescimento econômico continuará sustentando as ações

Bolsas emergentes: esperado é que o crescimento das economias turbine os ganhos em 2018 (China Photos/Getty Images/Getty Images)

Bolsas emergentes: esperado é que o crescimento das economias turbine os ganhos em 2018 (China Photos/Getty Images/Getty Images)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 29 de novembro de 2017 às 15h36.

Gestoras de investimentos que apostaram na ascensão impressionante dos mercados emergentes neste ano estão fincando o pé nesses ativos, esperando que o crescimento dessas economias turbine os ganhos em 2018.

Goldman Sachs Group, Ashmore Group e T. Rowe Price Group estão entre as instituições que acreditam que o aumento dos lucros corporativos justifica o avanço de 33 por cento do índice de referência para ações de países em desenvolvimento em 2017. JPMorgan Chase e BNP Paribas Asset Management acrescentam que os múltiplos estão em patamares razoáveis e que a expectativa de um segundo ano de expansão econômica próxima de 5 por cento deve continuar a impulsionar os lucros das empresas.

“O movimento forte continuará porque o ciclo de melhora está apenas começando”, disse Edward Evans, gestor de recursos da Ashmore que ajuda a supervisionar quase US$ 59 bilhões em Londres. As maiores alocações dele estão na China (onde ele prefere bancos e empresas de e-commerce) e no Brasil (nos setores de energia e matérias-primas).

Evans espera que 2018 também proporcione ganhos de dois dígitos. As bolsas nos países em desenvolvimento estão a caminho do melhor ano desde 2009, graças ao apetite por ativos de risco, a políticas monetárias flexíveis e à disparada das ações de tecnologia.

No ano que vem, os ventos contrários provavelmente serão menos severos do que se viu em nível global em 2015 e 2016, quando os principais bancos centrais sinalizaram que apertariam a política monetária e as preocupações com a desaceleração da economia chinesa se intensificaram. Para Evans, riscos políticos locais — como as eleições no Brasil e no México — dificilmente mudarão a tendência ascendente.

Também pesam a favor as projeções de que o crescimento das economias emergentes supere o do Grupo dos Oito em mais de 2,5 pontos percentuais no ano que vem e em quase 3 pontos em 2019. Na opinião dos otimistas, essa dinâmica deve embalar os lucros de empresas sediadas nos países em desenvolvimento e permitir que os múltiplos se mantenham razoáveis.

O preço elevado das ações é uma das maiores preocupações dos investidores. A previsão para o lucro das componentes do MSCI Emerging Markets Index em 2018 subiu quase 30 por cento ao longo deste ano, mas a alta de 33 por cento no índice puxou os múltiplos para cima. A razão entre preço e lucro projetado aumentou de 13,5 no começo do ano para 14,1 atualmente, ultrapassando de longe a média histórica de 11,6.

Embora as cotações não estejam tão atraentes quanto no início do ano, o crescimento econômico continuará sustentando as ações, de acordo com um grupo de analistas do Goldman Sachs liderado por Zach Pandl. De acordo com relatório da equipe, a história sugere que os múltiplos sozinhos não freiam o avanço das bolsas e que a taxa de crescimento econômico é um fator mais relevante. O banco espera aceleração da atividade no Brasil, Rússia, África do Sul, Índia e Indonésia.

No JPMorgan, os estrategistas projetam o MSCI em 1.300 no ano que vem, implicando ganho próximo de 14 por cento. A BNP Paribas Asset Management anunciou posição comprada em ações de nações em desenvolvimento neste mês, afirmando que as ações ainda estão baratas na comparação com os EUA.

Charles Knudsen, integrante da equipe que supervisiona US$ 20 bilhões em ações de mercados emergentes na T. Rowe Price, não alterou significativamente suas posições, apesar da alta deste ano. Ele lucrou com apostas em papéis de empresas chinesas de tecnologia como Alibaba Group Holding e 58.Com, que dobraram de valor.

Knudsen também tem alocações concentradas no Brasil, especificamente nas ações de Itaú Unibanco Holding, Banco Bradesco SA e Lojas Renner.

"O avanço do mercado foi amplamente seguido de crescimento dos lucros", ele explicou. "E, de modo geral, esta é uma classe de ativo que teve desempenho inferior nos últimos anos."

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