Banco Panamericano: ações do banco chegaram a cair 44% desde o anúncio do rombo (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2011 às 11h02.
São Paulo/Rio de Janeiro - As apostas na queda das ações do Banco Panamericano SA se multiplicaram por 40 em janeiro, com as especulações de que as perdas da instituição podem ultrapassar o valor do pacote de ajuda de R$ 2,5 bilhões.
O volume em aberto de contratos de aluguéis de ações, um indicador de posições vendidas, registrados no sistema de custódia da BM&FBovespa, a CBLC, atingiu R$ 37,83 milhões ontem, tendo saído de R$ 950.441, em 30 de dezembro, segundo o site da bolsa. Os investidores fizeram empréstimos de 7,36 milhões de ações do Panamericano até 27 de janeiro, o equivalente a 18 por cento do total de papéis em circulação, segundo dados da bolsa.
Investidores estão apostando que o banco pode precisar de um socorro maior do que o aporte feito por seu controlador, o empresário e apresentador de TV Silvio Santos, e que um possível comprador pode reduzir sua eventual oferta, disse Renato Bandeira de Mello, gerente de operações de renda variável da Futura Corretora, em São Paulo. Somente ontem, o volume em aberto de contratos de aluguel de ações do banco cresceu 43 por cento. No caso da Petróleo Brasileiro SA, a ação mais negociada da bolsa brasileira, o percentual de ações em aluguel é de 1,5 por cento.
“É uma aposta grande, bastante significativa, e aumentando, de que o papel vai cair”, disse Bandeira de Mello. “Essa notícia de que o rombo pode ser maior veio de presente para quem está vendido.”
No aluguel, o “tomador” pega a ação emprestada de um investidor que a possui, a uma taxa de juros combinada, para vendê-la no mercado, acreditando que o papel cairá de valor e que ele poderá comprá-lo no mercado por menos para devolver ao seu acionista original no prazo combinado, e lucrar com a diferença entre o preço na venda e o da compra depois.
Ontem, essas apostas começaram a dar o retorno esperado, com a queda de 9,3 por cento das ações do banco no dia, após o jornal O Estado de S.Paulo ter informado que a instituição do Grupo Silvio Santos vai precisar de uma nova ajuda para cobrir os prejuízos, que, segundo o Banco Central, são decorrentes da dupla contabilidade na venda de carteiras a outros bancos.
11 pregões
Investidores começaram a apostar contra o Panamericano no começo de janeiro. O volume financeiro em aluguéis de ações do banco ontem atingiu 11 vezes o giro médio diário total com ações do Panamericano na BM&FBovespa em dezembro, de R$ 3,5 milhões, segundo dados da Bloomberg. Em dezembro, as posições em aluguéis de ações do Panamericano nunca passaram de R$ 1,8 milhão.
As ações do Panamericano chegaram a acumular queda de 44 por cento desde que a instituição recebeu o socorro do seu controlador, em 9 de novembro, até sua mínima em quase dois anos, atingida em 10 de janeiro. Dessa data até o começo da semana, os papéis subiram 32 por cento, com expectativas de que o banco será adquirido. E caíram 12 por cento nos últimos dois dias, antes do balanço do terceiro trimestre, esperado para segunda-feira.
“As pessoas estão com medo de que haja mais perdas ou que o problema seja mais complexo do que o que foi apresentado”, disse Marco Aurélio Barbosa, analista da Coinvalores CCVM, em São Paulo. “O preço da ação ficou tão baixo que é barato alugar.”
Procurado ontem por meio de sua assessoria de imprensa, o Panamericano não quis se pronunciar e alegou estar em período de silêncio às vésperas da divulgação do seu balanço do terceiro trimestre, previsto para segunda-feira, dia 31, de acordo com um comunicado do banco à Comissão de Valores Mobiliários.
A Caixa Econômica Federal, acionista do Panamericano, informou por meio de sua assessoria de imprensa que aguarda os resultados do banco para se pronunciar. O FGC informou, por meio de nota assinada pelo seu diretor-executivo, Antonio Carlos Bueno de Camargo Silva, que também aguarda a divulgação dos resultados para se manifestar. Um assessor de imprensa do Grupo Silvio Santos disse que a empresa não iria emitir comentários.