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Ano com mais IPOs no Brasil desde 2013 termina morno

Dez IPOs levantaram 5,55 bilhões de dólares, ante 8,35 bilhões em nove ofertas em 2013.

B3: série de IPOs deste ano deve se prolongar nos primeiros meses de 2018 (Germano Lüders/Site Exame)

B3: série de IPOs deste ano deve se prolongar nos primeiros meses de 2018 (Germano Lüders/Site Exame)

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Reuters

Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 13h14.

São Paulo - O ano mais intenso para ofertas públicas iniciais de ações no Brasil desde 2013 terminou morno nesta semana, depois que uma empresa cancelou seu IPO e a operação que prometia ser a maior de 2017 foi concluída com preço no piso da faixa indicativa.

Investidores se mostraram interessados por ações da operadora da rede de franquias Burguer King e da BR Distribuidora, compondo um volume de 7,2 bilhões de reais nesta semana, a mais movimentada para IPOs no país desde abril de 2013.

Mas os resultados não tão positivos sinalizaram o apetite limitado por novas ofertas, bem como aumento da ansiedade sobre a agenda econômica do país e o cenário político incerto.

O Ibovespa atingiu um recorde mais cedo neste ano em meio a expectativas de aprovação de reformas que incluíram a da Previdência. Dez IPOs levantaram 5,55 bilhões de dólares, ante 8,35 bilhões em nove ofertas em 2013.

A Petrobras levantou 5 bilhões de reais com a listagem da BR Distribuidora, mas investidores disseram que a demanda não foi tão intensa quanto esperado.

A precificação ficou no piso da faixa indicativa de 15 a 19 reais e o valor da companhia equivaleu a cerca de sete vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).

O múltiplo é menor que o de 11,4 vezes da rival Ultrapar Participações, principal rival da BR Distribuidora por meio da rede de postos de combustível Ipiranga.

"Claro, em um ambiente macro melhor, a transação seria maior", disse uma fonte na Petrobras.

Minimizando um pouco o mau humor, as ações da distribuidora fecharam em alta de quase 7 por cento na estreia ocorrida na sexta-feira, a 16 reais.

"A Petrobras decidiu precificar no piso da faixa indicativa para ter investidores de qualidade, de longo prazo, e não um monte de fundos de hedge de curto prazo", disse uma fonte com conhecimento do processo.

O entusiasmo dos investidores pela oferta diminuiu nos últimos meses conforme ia ficando claro que o governo não venderia ações suficientes para ceder o controle da BR Distribuidora.

"O risco político é muito maior em uma companhia estatal, considerando as próximas eleições", disse um investidores que participou do IPO.

Enquanto isso, a Neoenergia, empresa de energia elétrica controlada pela espanhola Iberdrola, cancelou o IPO programado para quinta-feira, quando acionistas se recusaram a diminuir o preço das ações.

Um sócio em um grande fundo citou uma abundância de outros IPOs: "Investidores não têm capacidade de analisar tantas ofertas, então tiveram que fazer escolhas. Isso teria sido bem sucedido se não houvesse tanta competição."

No início do mês, o presidente da operadora da bolsa paulista B3, Gilson Finkelsztain, já havia alertado que a precificação das três ofertas poderiam fazer as empresas competirem pelos mesmos investidores.

O Banco do Brasil, um dos principais acionistas da Neoenergia, queria um múltiplo de pelo menos oito vezes o Ebitda da companhia. A CPFL Energia, comprada pela chinesa State Grid no ano passado, tem um múltiplo de nove.

Próximo ano

A série de IPOs deste ano deve se prolongar nos primeiros meses de 2018, conforme as companhias correm para evitar volatilidade antes das eleições.

"A expectativa é de um volume de ofertas de ações menor em 2018 ante 2017", disse Roderick Greenlees, chefe de investment banking do Itaú BBA.

"O mercado será mais ativo no primeiro semestre, o que é comum em anos eleitorais."

A Algar Telecom, que adiou planos de IPO no mês passado para evitar ser pega na semana mais movimentada do ano, está planejando IPO para janeiro. A listagem da processadora de pagamentos PagSeguro e uma oferta subsequente da companhia aérea Gol, podem vir na sequência.

"Os investidores estão seletivos, mas dispostos a comprar empresas com bom histórico de resultados, perspectiva consistente de crescimento e acionistas engajados", disse Leandro Miranda, chefe de investment banking do Bradesco BBI.

A participação de estrangeiros nos IPOs do Brasil tem crescido e alcançou cerca de 60 por cento nas últimas operações, acrescentou.

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