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Aéreas lideram quedas com medo de segunda onda de coronavírus

Mais atingido pelos efeitos da pandemia, setor volta a registrar perdas na bolsa com possibilidade de restrições na Europa

Aeroporto: novos casos de coronavírus aumentam incertezas sobre retomada da demanda (Carol Coelho/Getty Images)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 14h46.

Última atualização em 21 de setembro de 2020 às 19h07.

Um dos mais atingidas pelos efeitos econômicos da pandemia, o setor de viagens representado pelas ações das companhias aéreas GOL e Azul e da agência de turismo CVC , voltou a liderar as perdas do Ibovespa nesta segunda-feira, 21, em meio aos temores sobre uma segunda onda de coronavírus. Os papéis da GOL, Azul e CVC se desvalorizaram 8,46%, 7,8% e 4,4%, respectivamente.

Os sinais de uma segunda onda de contaminação vêm da Europa, com França , Espanha e Reino Unido registrando números recordes de novos casos. Em algumas regiões do continente, com a capital espanhola Madri, medidas de isolamento social mais duros já foram reinstaurados.

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“Não se falava mais de segunda onda [no mercado], mas no fim de semana essa discussão voltou a ganhar força. Tudo relacionado ao vírus na Europa é mais forte por ser rota de turismo do mundo todo”, comenta Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.

No Reino Unido, o número de casos vem dobrando a cada sete dias. De acordo com o chefe do conselho científico do governo britânico, Patrick Vallance, a quantidade de casos diários pode chegar a 50.000 em meados de outubro se nenhuma ação for tomada. “Isso requer velocidade, requer ação e requer o suficiente para ser capaz de derrubar [a taxa de contágio]”, discursou. Segundo a agência Reuters, o primeiro ministro Boris Johnson já pondera um segundo lockdown no Reino Unido.

Segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o ressurgimento de casos de coronavírus na Europa tem provocado dúvidas sobre como será o desempenho do turismo brasileiro no quarto trimestre, marcado, normalmente, pela maior demanda por viagens aéreas, já que coincide com férias escolares e festas de fim de ano.

“O aumento do número de infectados na Europa se deu no verão. Isso coloca em xeque a expectativa de que o quarto trimestre represente a retomada das companhias áreas nacionais. O terceiro trimestre já está sendo bem complicado para elas, principalmente em função dos gastos trabalhistas, e o quarto também não deve ser bom”, afirma.

De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em agosto, a retomada dos voos avançou pelo terceiro mês consecutivo. Mas os números evidenciam que o cenário de normalidade segue distante. Em relação ao mesmo período do ano passado, a demanda por voos foi 67,5% inferior, enquanto a oferta caiu 64,6% e o número de passageiros, 72,1%.

Até meados de agosto, as expectativas das companhias aéreas GOL e Azul era de que, em dezembro, já tivessem retomado 80% e 60% das operações, respectivamente, enquanto a CVC esperava alcançar 70% do faturamento de 2019.

Esse cenário, contudo, é visto por Arbetman como de extremo otimismo. “Há uma clara assimetria entre realidade e projeção. No cenário nacional, existe grande expectativa de que as férias e o verão aumentem o número de viagens. Mas temos visto um forte aumento do número de casos de Covid-19 no exterior. Se não tiver uma vacina até lá, a recuperação esperada vai sofrer baques.”

Embora as ações da GOL e Azul estivessem se recuperando neste mês, elas ainda têm perdas de cerca de 50% em 2020. Já os papéis da CVC, que vêm acumulando quedas desde julho, tem cerca de 60% de desvalorização no ano.

Além das aéreas brasileiras, no exterior, as ações do setor sofrem perdas significativas nesta segunda. No Reino Unido, os papéis da IAG, controladora da British Airways, despencou 12,08%, enquanto a alemã Lufthansa caiu 9,46% e a francesa Air France KLM, 7,63%. O movimento negativo também se estendeu para os Estados Unidos, onde os papéis da Delta Airlines recuaram 9,94% e os da American Airlines, 7,43%.

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