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Ações ainda têm espaço para subir no pós-Dilma

Medidas para enxugar gastos e nomes da equipe econômica agradam aos investidores, mas possível correção pontual não é descartada

felicidade com alta de ações (Thinkstock)

Anderson Figo

Publicado em 11 de maio de 2016 às 17h57.

São Paulo - O Ibovespa já subiu 22% em 2016, mas tem espaço para se valorizar um pouco mais no pós-Dilma. Esta é a avaliação de analistas e economistas consultados por EXAME.com.

O avanço, no entanto, vai mudar de foco: em vez de ser pautado em uma expectativa de troca de governo, passará a refletir efetivamente os eventuais impactos das medidas que deverão ser tomadas por Michel Temer , caso o atual vice assuma a presidência da República.

O Senado vota nesta quarta-feira (11) o parecer do relator Antonio Anastasia sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff . Uma vez aprovado, o processo é aberto e a presidente será afastada do cargo por até 180 dias.

Com Temer governando o país, investidores aguardam por medidas que prometem resgatar a confiança na economia, segundo os especialistas, e permitir uma alta "mais consciente" do mercado.

"Vai haver uma reação positiva, mas não aquela 'loucura' que a gente viu quando começaram as discussões em torno do impeachment", disse Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

Isso vai depender, continuou Müller, da confirmação dos nomes que irão compor a equipe econômica e do comprometimento do novo governo com o corte em gastos públicos.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, uma das medidas de Temer para enxugar os desembolsos do governo seria cortar de 32 para 22 o número de ministérios.

Na futura equipe econômica, Henrique Meirelles, dado como certo para o comando da Fazenda , terá uma prioridade: a reforma das regras de acesso à aposentadoria, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo.

A escolha do economista-chefe do Itaú Unibanco Ilan Goldfajn para liderar o Banco Central também agradou aos investidores. A avaliação é de que ele tomará decisões mais pró-mercado do que a atual gestão de Alexandre Tombini.

"Tudo isso vai trazer de volta a confiança aos empresários, que deixaram de investir com o cenário nebuloso, e aos consumidores, que deixaram de gastar com o aumento do desemprego", afirmou o analista-chefe da Geral Investimentos.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global, o resgate da confiança e da previsibilidade econômica deve reduzir o risco-país, o que beneficiaria o valor das empresas e abriria espaço para novas altas da Bolsa.

"Temer e sua equipe econômica sabem a importância dessas medidas. Não há espaço para errar. Algumas das alternativas que têm sido debatidas possuem efeito imediato, por isso o ânimo no mercado deve continuar", disse.

Correção?

Apesar de admitir que vê espaço para a Bolsa subir um pouco mais nas próximas semanas, Ignacio Rey, economista da Guide Investimentos, afirmou que também está maior o risco de uma correção em algum momento do cenário pós-Dilma.

"Em fevereiro, adotamos uma estratégia mais agressiva para aproveitar a tendência de alta com expectativas políticas. Há duas semanas, colocamos o pé no freio. Não significa que a alta se esgotou, mas estamos um pouco mais cautelosos", disse.

Segundo ele o "timming das escolhas" do eventual novo governo é essencial. "Será preciso entregar resultados que podem não vir no ritmo que o mercado espera."

O desafio é grande: se assumir, Temer pegará um país com inflação acima de 9% em 12 meses, desemprego em dois dígitos e deficit primário previsto de 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016.

São Paulo - A condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a suposta delação do senador Delcídio Amaral reacenderam discussões sobre um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff . As especulações deram fôlego a ações de grandes companhias na BM&FBovespa , especialmente estatais, bancos e produtores de matérias-primas, que dispararam na semana passada.  A equipe de análise da Gradual Investimentos listou, em relatório, dez papéis que seriam beneficiados por uma eventual mudança no comando político do país, na visão da corretora. Navegue pelas fotos e descubra quais são eles.
  • 2. Banco do Brasil (BBAS3)

    2 /12(Divulgação/Banco do Brasil)

  • Veja também

    Avaliação da Gradual: "Controlado pelo Estado, acredito que apresente o maior rali dos bancos em caso de impeachment, apresentando os múltiplos mais descontados do setor, especialmente por sua gestão estatal."
  • 3. BM&FBovespa (BVMF3)

    3 /12(BM&FBovespa/Divulgação)

  • Avaliação da Gradual: "Acredito que o ativo também tende a ser muito beneficiado pelas expectativas melhores dos ativos brasileiros e de crescimento de volume de investimentos estrangeiros em caso de troca de governo."
  • 4. Cemig (CMIG4)

    4 /12(Divulgação/Divulgação)

    Avaliação da Gradual: "O ativo se desvalorizou com as incertezas sobre o setor após a perda da concessão de 3 usinas (São Simão, Jaguara e Miranda), que não foram renovadas em 2012. Uma troca de governo, com maior clareza de regras ao setor, pode beneficiar a companhia a recompor esta capacidade perdida com retornos mais competitivos."
  • 5. Copel (CPLE6)

    5 /12(Divulgação)

    Avaliação da Gradual: "Controlada pelo estado do Paraná, a companhia apresenta múltiplos bem interessantes e oportunidades no curto prazo, e um processo de impeachment potencializaria esta oportunidade."
  • 6. Eletrobras (ELET6)

    6 /12(Adriano Machado/Bloomberg)

    Avaliação da Gradual: "O ativo tende a ser muito beneficiado em caso de troca de governo, que deve acelerar a privatização de algumas de suas distribuidoras. Além disso, a companhia já não vem sendo mais participante em todos leilões de geração e transmissão (atuava praticamente como uma segurança do governo, que mesmo se o leilão não fosse benéfico para a companhia, a companhia arrematava por conta de necessidades do governo), e esta tendência deve sessar no caso estudado, abrindo espaço para maior valorização e rentabilização dos seus ativos."
  • 7. Gerdau Metalúrgica (GOAU4)

    7 /12(Gerdau SA/via Bloomberg News)

    Avaliação da Gradual: "A companhia que controla a Gerdau apresenta fortes quedas com a retração da demanda do setor, porém em um momento de maior otimismo tende a apresentar forte valorização."
  • 8. Kroton (KROT3)

    8 /12(Germano Lüders/EXAME)

    Avaliação da Gradual: "O setor educacional tende a continuar a apresentar recuperação em caso de troca de governo, podendo ter mais clareza de regras e menores interferências, além de mais recursos provenientes de programas federais de incentivo a educação."
  • 9. Petrobras (PETR4)

    9 /12(Bloomberg)

    Avaliação da Gradual: "A companhia tende a apresentar um forte rali, já que os casos de corrupção e a política de combustíveis da companhia estão muito atreladas ao governo atual, o que seria uma oportunidade de curto prazo em caso de mudança do governo."
  • 10. Sabesp (SBSP3)

    10 /12(SABESP/Divulgação)

    Avaliação da Gradual: "A companhia apresentou fortes quedas com a crise hídrica, porém acredito que já tenha oportunidade para recuperações adicionais também em caso de impeachment e com as maiores chuvas esperados no próximo verão."
  • 11. Triunfo Participações (TPIS3)

    11 /12(Divulgação)

    Avaliação da Gradual: "É a companhia do setor de concessões (atua em rodovias, portos e aeroportos) que apresenta os múltiplos mais descontados no momento, em processo de redução de endividamento e com fluxos de caixa futuros muito estáveis."
  • 12. Veja agora as empresas que mais ganharam valor na América Latina e EUA

    12 /12(Thinkstock)

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