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Ação da Usiminas dispara 30% no ano, e a culpa é da CSN

Papéis acumulam valorização de 31,15% em 2011, enquanto o Ibovespa tem queda de 2,5% no ano

Salto nas ações teve início após a CSN revelar o interesse em ampliar sua fatia na Usiminas (Divulgação/EXAME.com)

Salto nas ações teve início após a CSN revelar o interesse em ampliar sua fatia na Usiminas (Divulgação/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 15h36.

São Paulo – A disparada nas ações ordinárias da Usiminas (USIM3) no acumulado deste ano (31,15%), em contraste com o desempenho negativo (-2,50%) do Ibovespa – principal benchmark brasileiro, tem chamado a atenção de muitos investidores e analistas. Mas o que explica essa impressionante valorização acima da média do mercado? Pode parecer estranho, mas boa parte da resposta vem da atuação de uma concorrente, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

Desde o terceiro trimestre de 2010, a CSN tem ampliado sua fatia na Usiminas e, em meados de janeiro, a participação da companhia chegava a 5,03% em ações ordinárias e 4,99% em papéis preferenciais (USIM5). Mas a CSN surpreendeu o mercado ao divulgar, em 27 de janeiro, que estaria “avaliando alternativas” em relação ao investimento que poderiam levar a “alterações na composição do controle” da Usiminas.

“Desde que a CSN sinalizou que tem interesse em elevar para 10% sua participação na Usiminas, tendo representatividade no controle, recomendamos aos nossos clientes a compra dos papéis ordinários”, afirma Raphael Biderman, analista do Bradesco. De olho na possibilidade de que isso ocorra, somado aos bons fundamentos da Usiminas, muitos investidores aproveitam o momento para comprar ações da empresa. Os papéis ordinários deram um forte salto e passaram de 20,7 reais em 27 de janeiro para 28,00 reais até o dia 16 de fevereiro, uma alta supreendente de 35,26%.

A redução de custos implementada pela empresa e os contratos importantes firmados com a Vale, MMX, Gerdau e Transpetro desde o fim do ano passado também elevam o otimismo pelas ações da companhia, mas não foram o principal fator para o avanço dos papéis ordinários neste ano, segundo os analistas ouvidos por EXAME.com.

O que a CSN quer?

Ainda não está claro para o mercado qual a real estratégia da CSN em relação à Usiminas. “Não acredito que a CSN venha ao mercado dizer qual sua real intenção sobre a Usiminas. A companhia está ganhando muito com os atuais 5,03% que possui em ações ordinárias, sem falar nos papéis preferenciais. Caso entre para o conselho da empresa, a CSN deverá inicialmente querer dar um direcionamento para o caixa da companhia, que tem se mostrado bastante rentável”, afirma Antonio Bittencourt, analista do BB Investimentos.

Ele recomenda a compra dos papéis, mas não vê a possibilidade de a CSN ultrapassar os 10% e, por isso, não incorpora essa expectativa nas projeções.

Para outro analista, que pediu para não ser identificado, o mercado especula que a CSN continua a comprar ações. “Se de fato a CSN está comprando ações da Usiminas, o impacto disso nos papéis ordinários será ainda maior, já que a liquidez será menor”, acrescenta.

“Caso a CSN chegue ao controle da Usiminas, as sinergias entre ambas empresas serão positivas”, complementa. “No entanto, não sabemos se eles realmente chegarão aos 10% para ter acesso ao controle da empresa ou se ficarão nos 9,99%”, finaliza a fonte.

Impedimentos

Os especialistas consultados advertem que, para chegar ao controle da Usiminas, a CSN não terá um caminho tão fácil a percorrer. A japonesa Nippon Steel é atualmente a maior acionista da Usiminas, com uma participação de 27,8%, seguida pelo grupo Votorantim/Camargo Corrêa com 26%, Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ ) com 10,4%, Fundo de Pensão Usiminas com 10,1%, e o restante são ações em circulação no mercado (25,7%).

Os analistas lembram que, caso a CSN conquiste 10% do capital acionário da Usiminas ou algum dos acionistas decida vender uma parcela, a Nippon Steel terá o direito de preferência de compra. “O mercado está testando até onde vai a estratégia da CSN”, lembra Bittencourt, do BB Investimentos.

“As incertezas são muitas e é prematuro dizer que esta operação irá acontecer. O cenário atual deve continuar até a CSN se posicionar, mas não deve perdurar muito. Caso um anúncio oficial não seja feito no curto prazo, a ideia de que a siderúrgica vai entrar no controle da Usiminas começará a ser dissipada pelos investidores. Avaliando este cenário, é mais fácil prever uma correção nas ações ordinárias da Usiminas do que nas preferenciais”, estima Bittencourt.

USIM3 x USIM5

Ao mesmo tempo em que os papéis ordinários da Usiminas registram forte valorização no acumulado do ano (31,15%), os preferenciais não seguem na mesma tendência e contabilizam uma pequena alta de 1,57% até o fechamento de quarta-feira (16).

Em relatório distribuído ontem aos clientes, os analistas Leonardo Correa e Renato Antunes, do Barclays Capital, destacam o spread (diferença) entre as ações ordinárias e preferenciais da Usiminas, que saltou de 15% para 50% em janeiro. Este aumento foi justificado, entre outros fatores, pelas expectativas dos investidores sobre o potencial de mudança no controle da Usiminas.

Dividendos

Em relatório assinado pelos analistas Felipe Reis, Alex Sciacio e Victoria Santaella, o Santander destacou ainda a participação da Usiminas na Ternium. A operação totalizará 1,03 bilhão de dólares (1,72 bilhão de reais) e deve ser concluída em 15 de fevereiro. Os analistas preveem que a mineradora anunciará um pagamento extraordinário de dividendos, conforme espera o mercado.

Apesar disso, o valor não será tão alto ao ponto dos investidores tomarem posições, lembram. A recomendação foi mantida em underperform (performance abaixo da média do mercado) e o preço-alvo para as ações preferenciais (USIM5) ficou em 19,08 reais para o fim de 2011.

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